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A UBI tem de sair da Covilhã

Fio de Prumo

O ensino superior na Beira Interior é o exemplo paradigmático de má estruturação e falta de sustentabilidade. Aliás, o seu insucesso é em grande medida responsável pela fraca coesão territorial da região.

Com três centros distintos – um Politécnico na Guarda, outro em Castelo Branco e a Universidade da Beira Interior (UBI) na Covilhã – corresponde a um padrão de bairrismo onde cada um quer ter a sua própria escolinha, numa lógica puramente infantil de que a minha é maior que a tua.

Ninguém o admite, mas se hoje ainda não definham, para lá caminham todos. É o que demonstram as vagas por preencher e as muitas só preenchidas como recurso, ou como segunda (ou terceira) opção. Vivem os três numa lógica de concorrência desleal, pura luta pela sobrevivência.

Podemos discutir, desde logo, se estamos de acordo com a terminologia Beira Interior. Se os ensinos universitário e politécnico devem coexistir. Ou, simplesmente, se entre as três cidades gostamos uns dos outros.

Uma coisa é certa: a situação, tal como está, não vai poder continuar. Individualmente, cada um “per si”, não têm escala nem massa crítica para assegurar produção científica de qualidade, nem para se internacionalizarem, nem para tornarem os seus licenciados e mestrandos competitivos nos mercados nacional e global.

Se o nome de cada universidade define o seu objeto e âmbito, esta por algum motivo se chama da Beira Interior. Portanto, é imperioso, obrigatório e evidente que a mesma tem de sair da Covilhã e passar a ser uma universidade da região, com distintos polos com dimensões equitativas.

Para pôr esta evidência em prática são imprescindíveis três coisas: visão estratégica; afastar os professores da decisão (porque são parte lobista interessada, nomeadamente na autoalimentação da estrutura existente); e passar a decisão para o plano político. Esta região tem de encontrar verdadeiros políticos arrojados, coisa que por cá não abunda, com visão estratégica e com vontade de assumir riscos.

Só se o atual ensino superior dos distritos da Guarda e de Castelo Branco se unir e racionalizar é que poderá, um dia, alcançar a qualidade e a exigência que o tornem competitivo no contexto nacional. A UBI pode, e deve, ser o instrumento dessa subida de nível do ensino superior para a escala regional.

Ou, então, mudem-lhe o nome – e passem a chamar-lhe Universidade da Covilhã.

Por: Acácio Pereira

* Presidente do SCIF-SEF – Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do SEF

Comentários dos nossos leitores
anónimo redes.mar@gmail.com
Comentário:
Pensava que as três escolas superiores coexistissem sem graves problemas pese embora a verdade que o artigo põe o dedo na ferida que existe desde que a UBI foi criada em cima e em baixo do seu anterior politécnico. É evidente que esse problema que o autor levanta há muitos anos que subsiste e prevalece. Por outro lado, é notória a defesa da situação por parte dos docentes da UBI, ao ponto de a cada passo o virem a provocar a Guarda e Castelo-Branco querendo por a UBI em contexto internacional, o que não é verdade. Podemos ir muito longe na injustiça que prevalece tornando a Guarda e Castelo- Branco com escolas pequenas. Os meus parabéns ao autor do artigo.
 
Jorge Pedro Oliveira Ribeiro jpor64@gmail.com
Comentário:
1. Quem sempre se fechou em copas foram as escolinhas das capitais de distrito que, aliás, recebem mais dinheiro do que a UBI (proporcionalmente). Onde está a injustiça? 2. Quando a UBI se coloca em contexto internacional é porque entrou em rankings mundiais e tem mais de mil estudantes internacionais. Onde está a mentira? 3. Apesar disso, a UBI está sempre de portas abertas para a região, convidando os IPs para todos os projetos regionais. 4. O que este senhor diz em relação aos professores (afastá-los da decisão) é o mesmo que afastar um sindicalista da discussão sobre a classe que representa. E então, parece-lhe razoável?
 
Dani dani_fernandes10@hotmail.com
Comentário:
Ridículo, apenas ridículo. O Sr. Acácio caladinho era poeta.
 

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