Os dados que caem da mão levam a sorte dos números. Há apostas e emoções e as infindáveis misérias e incontáveis vergonhas de famílias. Os dados tombam e rolam e rodopiam os sonhos, abrem gargantas vitoriosas e fecham olhos tristes. Os dados lá vão sobre o tampo a chocar nas paredes da mesa e regressando ao meio até se imobilizarem com números que olham o céu ou o teto. Os dados alegres terminam em sorrisos. Mas há dados taciturnos que arrastam misérias.
Os dados divergem como os clientes que atendemos ao balcão. Lá vem um que é alegre. Lá vem outro que não se cala. Agora chega este que vê tudo e nada compra. Um ainda remexe. O último que veio trazia o amargo da guerra e o azedo de uma década de ódios. A sorte e o azar chegam nos clientes. Dias de atender compreensão e tolerância. Dias de amargar a exigência sem senso, o querer irreal. Há o cliente que quer tudo pagando metade. Há o dado que quase no seis tomba e sai o um. Atender clientes é uma incerteza e reflete-se na saúde, no direito, na enfermagem… Na verdade é um jogo de dois, porque ser cliente de alguns também não é fácil. Há duas vertentes que se confrontam e nos separam. Verdade, tolerância e alegria são pessoas opostas das vigaristas, fanáticas e infelizes. Que dado caiu agora?
Por: Diogo Cabrita