As agências de Almeida e Silvares (Fundão) da Caixa Geral de Depósitos (CGD) vão mesmo fechar no âmbito da primeira fase do plano de redução de custos do banco público. O documento enviado para a Assembleia da República revela que vão encerrar 61 balcões por todo o país, uma lista que foi «atualizada e corrigida» após terem sido feitas alterações à estratégia inicial, refere o presidente do Conselho de Administração da Caixa, Rui Villar.
O plano inicial previa o encerramento de mais 80 agências, mas o Governo e a administração do banco recuaram após a pressão de vários partidos, incluindo o PS. Mas o fecho de mais agências não está excluído numa fase posterior, uma vez que o plano de reestruturação da CGD estabelece, no total, o encerramento de entre 180 a 200 agências no mercado doméstico até 2020, de forma a chegar ao final da década com 470 a 490 agências. No final de 2016, a Caixa tinha cerca de 650 balcões. A confirmação do fim da CGD em Almeida gerou revolta com o presidente da Câmara a garantir que irá «até às últimas consequências» para evitar este desfecho. «Vamos contestar esta decisão unilateral na rua e estaremos ao lado da população», sublinha António Baptista Ribeiro, para quem esta medida é «incompreensível». «Porque não fecham agências em cidades onde há duas ou três muito próximas em vez de o fazerem em Almeida, que é sede de concelho e tem uma população maioritariamente idosa cuja pensões são creditadas em contas da Caixa», questiona o edil.
O protesto já deu origem a uma petição pública contra o fecho do balcão da CGD (http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT85142). No documento é referido que o desaparecimento de «mais um serviço público» será «mais um rude golpe» para o concelho raiano. «Almeida possui apenas duas instituições e respetivos terminais multibanco. Com o encerramento da agência da CGD ficará apenas com a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal como instituição financeira», lê-se ainda. O texto da petição refere ainda que, «pela mais elementar justiça, não pode a CGD pura e simplesmente virar costas e abandonar uma sede de concelho, uma praça que seguramente tem capacidade para cumprir rácios e garantir níveis de solvabilidade de duas instituições bancárias». O fecho da agência de Silvares já levou o presidente da Câmara do Fundão a solicitar uma reunião com caráter de urgência ao presidente do conselho de administração da Caixa Geral de Depósitos.
«Não houve nenhum contacto com a Câmara ou a Junta de Freguesia, nem com os próprios clientes, o que é inacreditável. Depois queremos também perceber que critérios foram seguidos para encerrar alguns balcões, sendo eu contra o encerramento de qualquer balcão no interior do país», disse Paulo Fernandes aos jornalistas. Mais satisfeitos estão os habitantes do Teixoso (Covilhã), cuja agência escapa a esta primeira leva de encerramentos. Vítor Pereira, presidente da Câmara, já se congratulou com este recuo, tal como a concelhia do PSD.
Luis Martins