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«Na região há uma cultura muito “futebolística” do desporto em termos de apoios»

Cara a Cara – Samuel Barata

P- Qual o segredo para os bons resultados que tem obtido este ano?

R- O segredo é muito treino e dedicação que tenho feito ao longo, sobretudo, dos últimos anos. Tenho feito as coisas com calma e pouco a pouco tenho evoluído e agora os resultados estão a aparecer.

P- Recentemente foi o melhor português na meia-maratona de Lisboa, onde conquistou o sexto lugar. Estava à espera disso?

R- Era um objetivo que tinha em mente e felizmente correu tudo bem e consegui atingi-lo ao ficar no sexto lugar. Posso dizer que fiquei um pouco surpreendido, pois para entrar no “top 10” desta prova é necessário estar a um bom nível já que os melhores atletas do mundo vêm a Lisboa.

P- Quais são os próximos objetivos?

R- Bem, os próximos objetivos vão ser na pista de ar livre. Quero bater os meus recordes pessoais nas distâncias de 5.000 e 10.000 metros. Mas o grande objetivo será os Campeonatos do Mundo Universitários, em agosto.

P- Considera que os atletas da região têm apoios suficientes?

R- É uma questão delicada, pois é muito complicado treinar a um bom nível, recuperar dos treinos, ter de estudar ou trabalhar sem apoios. Infelizmente, na nossa região as autarquias e empresas têm uma cultura muito “futebolística” do desporto e modalidades como o atletismo têm tido pouco apoio. É uma pena porque temos grandes talentos na região e é preciso que estas entidades os apoiem mais para que se façam grandes campeões.

P- Como concilia o atletismo com os estudos?

R- É um pouco complicado conciliar os estudo com o atletismo, mas é tudo uma questão de organização. De início não foi fácil, tirei a licenciatura em Química e tenho noção que não rendia tanto na corrida, porque eram muitas cadeiras e muita matéria para estudar, e por vezes chegava cansado aos treinos. Agora é diferente, estou a tirar o mestrado, mas dividi as cadeiras em dois/três anos para ter melhor rendimento desportivo.

P- Quais as principais as carências para a prática da modalidade?

R- Sim, o atletismo tem algumas carências para sua a prática, uma vez que não é só correr. Acho que correr está ao alcance de todos, mas o problema é que um miúdo tem mais habilidade para ser saltador ou lançador, por exemplo. Faltam meios humanos, clubes com treinadores entendidos para que possam levar esses miúdos a conseguirem resultados de excelência.

Perfil:

Idade: 23 anos

Profissão: Atleta/ Estudante

Currículo: Campeão nacional de corta-mato curto em 2017 e campeão de Portugal de 1.000 metros em 2015; segundo português do ano em 5.000 metros em 2016; Campeão nacional de corta-mato júnior em 2012 e sub’23 em 2015 e de estrada sub’23 em 2014 e 2015; melhor português nas meias-maratonas Rock’n’Roll de 2015 (sétimo da geral) e de Lisboa 2016 (16º) e 2017 (6º)

Naturalidade: Lausanne (Suíça), mas com origem familiar na Bouça (Covilhã)

Hobbies: Toco flauta transversal numa banda filarmónica

Samuel Barata

Sobre o autor

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