P – Quando O INTERIOR nasceu, em 2000, por onde andava António Dias Rocha? Qual era a sua função e como via a região desse tempo?
R – Por esse tempo, eu tinha abandonado a vocação de uma vida, a medicina, por outra grande vocação, a política. Era já Presidente da Câmara Municipal de Belmonte, estava no meu segundo mandato. Era também presidente da Associação de Municípios da Cova da Beira. Dois cargos de muito prestígio que muito me honraram. Vivíamos tempo de transformação na região. António Guterres assinou o contrato de desenvolvimento da Faculdade de Ciências da Saúde, arrancava o Centro Hospitalar Cova da Beira, estava a chegar a autoestrada. Belmonte vivia um período de crescimento económico e festejava os 500 anos da descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral…
P – Que é “feito” de António Dias Rocha 17 anos depois? E o que destaca de mais relevante na região?
R – Depois de um interregno de uns anos, volto a estar à frente dos destinos de Belmonte, o que é, para mim, muito gratificante. Vivemos uma situação bem diferente. Depois de um certo fulgor, há hoje um estrangulamento económico que nos limita a ação. Não se avançou com a Regionalização, nem há uma descentralização palpável e efetiva… Em vez de projetos comuns, os autarcas são obrigados a lutar entre si por uns parcos financiamentos. Mantenho a esperança numa comunidade interurbana mais forte e interveniente, até porque a região tem uma potencialidade imensa e se estão a abrir novos caminhos. Tenho a sorte e privilégio de também presidir às Aldeias Históricas e à Rede de Judiarias, duas instituições que visam o reforço da nossa identidade dentro de um desenvolvimento sustentado… Por isso, mesmo assim, continuo otimista!