P – Quando O INTERIOR nasceu, em 2000, por onde andava Fernando Cabral? Qual era a sua função e como via a região desse tempo?
R – Em 2000 era Governador Civil. A cidade vivia então uma situação bem diferente da atual. A Delphi, que na altura tinha quase 3.000 trabalhadores, e muita obra pública, nomeadamente a A23, faziam com que o desemprego na Guarda e nos concelhos vizinhos fosse muito pequeno. A Guarda e a região estavam “cheias” de migrantes de outras zonas de Portugal e de imigrantes dos países do leste da Europa. Por essa altura a Guarda e o concelho cresciam em termos demográficos como mais nenhuma cidade ou concelho do interior. Nalguns municípios do distrito a situação era diferente, as consequências da crise do setor têxtil ainda se manifestavam na corda da Serra da Estrela. Em termos públicos faziam-se investimentos importantes no setor da saúde, justiça e segurança interna. A A23 estava em plena construção no concelho da Guarda e na região e a A25 estava a dar os primeiros passos. Desbravavam-se também importantes caminhos para a construção de um hospital novo na cerca do Sanatório que depois foram, infelizmente, abandonados pelo governo PSD/CDS e mais tarde retomados com o governo do PS.
P – Que é “feito” de Fernando Cabral 17 anos depois?
R – Hoje, em 2017, voltei, desde 2009, à profissão que sempre foi a minha, a de professor na Escola Afonso de Albuquerque, na Guarda, e politicamente sou um cidadão atento que voltou à sua condição de militante de base do PS.
P – Nestes 17 anos, o que destaca de mais relevante na região?
R – O que mudou na cidade e na região foi quase sempre no sentido negativo. Hoje há menos empresas, menos postos de trabalho e por isso menos população. O encerramento da Delphi e de outras empresas foi um rude golpe. A paragem da modernização da totalidade da Linha da Beira Baixa foi um erro. A implementação das portagens nas A23 e A25 outro erro. O Hotel Turismo fechou e não reabriu embora neste setor a oferta material e imaterial seja hoje maior e melhor. Mas também aconteceram coisas positivas: a construção do Museu do Côa, a construção do novo bloco do hospital (infelizmente não foi concretizada a totalidade da intervenção prevista), a nova dinâmica e qualidade da COFICAB e a construção de mais alguns equipamentos e rodovias.