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A calçada de “Garriche”

Na Guarda existe, à semelhança de Lisboa, uma calçada de acesso à parte alta da cidade que tem os mesmos tiques de trânsito da sua “homónima”. A calçada de Carriche, referência omnipresente nos programas matinais e vespertinos de trânsito, tornada famosa pelo poema de Gedeão (na qual, a sua Luísa, subia penosamente), é-o ainda mais pelos engarrafamentos monumentais de que sofre há décadas. Diariamente milhares de automobilistas, provenientes de Odivelas, sofrem nesse purgatório, perdendo anos de vida sentados a “snifar” monóxido de carbono e outros gases prejudiciais à sua saúde e ao ambiente.

Por cá temos um antigo troço da estrada nacional 16, desclassificada para avenida e batizada de “S. Miguel”. Esta artéria vital, cuja tipificação deveria envergonhar qualquer presidente de Câmara, é a mais reles, claustrofóbica e mal-amanhada artéria da nossa cidade. O piso é péssimo, o fluxo é lento a maior parte do tempo e, para piorar as coisas, muitos automobilistas usam-na para estacionar em plena faixa de rodagem enquanto “vão só ali”, revelando uma enorme falta de civismo e aumentando os níveis de “stress” dos habitantes da Sequeira e urbanizações envolventes que têm que a atravessar.

A agravar este problema temos o Centro Escolar da Sequeira, onde, diariamente, centenas de crianças chegam e partem, muitas delas de automóvel.

Não há alternativas válidas a esta situação. A única e velhinha ponte está sobrecarregada e qualquer intervenção na mesma lançaria um caos ainda maior.

É neste enquadramento que a tão propalada, mas esquecida, variante da Sequeira, a começar na rotunda do Mac e a passar por detrás da Sequeira ligando à M530, poderia ser o fim deste problema. Uns meros dois quilómetros, que não necessitariam de ser em traçado duplo, mas que fariam toda a diferença para quem mora ou tem que se deslocar para estas bandas.

É uma questão de prioridades. Há que encarar a zona da “estação” da Guarda, eterna Guarda-gare, não apenas como uma zona de recreio e de grandes eventos festivos, onde se derrete dinheiro em “espetaculares” obras circulares de regulação de trânsito, mas também como uma zona nobre da cidade. A VICEG aliviou e de que maneira o trânsito que resultou do caos urbanístico, gerado nos tempos de curtas vistas e seguintes, aumentando a qualidade de vida de quem sobe e desce. Muita da malha urbana que fica dentro dela tem uma boa alternativa de circulação. Mas a zona da Sequeira, onde vivem alguns milhares, não tem essa alternativa. Para lá chegar tem que passar pela “excomungada” e isso implica perder algumas horas por mês, o que é ridículo atendendo à dimensão da nossa cidade.

Deixo esta proposta programática eleitoral para quem quiser. Se for encarada seriamente como promessa a cumprir poderá gerar os muito ansiados votos por parte de quem paga um valor de coeficiente de localização (que conta para o cálculo do valor do IMI) igual ou superior a outros guardenses em melhor situação geográfica.

Na impossibilidade de realizar esta obra, devido a prioridades mais comezinhas, ficaríamos muito agradecidos que o coeficiente de localização, que não deveria ser apenas uma forma de extorquir dinheiro aos contribuintes, fosse revisto em baixa para repor alguma justiça tributária.

Sei que a baixa de impostos é uma utopia num país falido como o nosso e a nossa cidade não será exceção. O pior disto tudo é que o “shôr” Costa e seus “geringonços” se preparam para entregar, totalmente, o “ouro ao bandido” sob o pretexto da descentralização. Sabendo nós que as câmaras municipais sempre foram um exemplo de boa gestão, vão decerto encarar a coleta do IMI como uma gruta de Ali Babá cheia de ouro fácil a ser gerido conforme os calendários eleitorais. Entretanto, haveremos de ter “a locomotiva laranjona” a azucrinar-nos as vistas numa rotunda já existente. Prioridades…

Por: José Carlos Lopes

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