P – Um novo mandato. Quais os novos desafios?
R – Primeiro, quero dizer que, definitivamente, este é o último mandato. Trata-se da oportunidade de trabalhar uma equipa recheada de muitos valores. Também entendo este terceiro mandato como o consolidar de algumas coisas que vêm desde o início, mas que ainda não foram feitas. As Associações Empresariais têm a grande obrigação de puxarem pelo ego da classe que representam, de a unir, de criarem tertúlias de discussão à volta de uma série de valores e de se afirmarem como classe.
P – Qual o grande projecto para este novo mandato?
R – É este, exactamente. Neste terceiro mandato continuo a apostar na qualificação dos empresários e nos seus colaboradores, o que é determinante, além de continuarmos a defender que a Escola Profissional é obrigatória para a Guarda e ponto final. Não desistimos desta ambição. Daremos apoio a todas as escolas tecnológicas que queiram vir para a Guarda e tentaremos associar-nos a projectos extremamente importantes, como o protocolo que fizemos com uma multinacional espanhola, no sentido de rejuvenescer todo o mundo empresarial, num projecto que é pioneiro a nível nacional. Outra aposta é ter uma biblioteca credível, que seja perfeitamente aproveitada, e queremos manter o nosso “score”, porque somos a terceira Associação Empresarial da zona Centro, atrás de Aveiro e Viseu, com mais projectos de investimento e isso para nós também é importante.
P – A ACG tem feito diversas campanhas de atracção de clientes fora da Guarda. Acredita mesmo que venha alguém de Viseu, por exemplo, fazer compras aqui?
R – Essa é uma questão a que não lhe sei responder. Há uma coisa que não temos e que vamos começar a ter, que é o Observatório do Comércio, que vai servir para dizer os pontos fortes e fracos de cada um dos empresários e dos comerciantes para termos uma leitura rigorosa daquilo que eles devem fazer. Outra vertente é termos a oportunidade de podermos saber quem são os consumidores preferenciais do comércio tradicional da Guarda. O importante é divulgarmos pela positiva a Guarda e tentarmos vender a sua imagem. A nós, choca-nos muitas vezes aquilo que ouvimos da Guarda no exterior. Temos também que fazer o discurso do bairrismo. Estamos no interior e acho que muitas vezes temos de nos moralizar e questionar sobre a razão de não consumirmos na Guarda. É a pergunta que cada um de nós terá que fazer.
P – Não faria sentido que a Câmara da Guarda, em vez de cobrar taxas pelas esplanadas, incentivasse antes ao seu aparecimento?
R – As esplanadas são o típico exemplo do quanto nós, guardenses, temos a mania de ser masoquistas. Não dá para entender a posição inicial da Câmara em relação a esse assunto e, depois de várias tomadas de posição, conseguiu-se fazer com que a autarquia revisse os preços. Trata-se de uma vitória, não da ACG, nem de ninguém em particular, mas de todo um grupo de pessoas. Até porque faz todo o sentido haver mais esplanadas na Guarda. Espero que na próxima Feira de São João já haja entendimento entre a Câmara e a Comercial para que se possa fazer uma verdadeira festa. Isso tem de acontecer. Nós estamos completamente disponíveis para esse entendimento. Tem que haver parcerias e nós não queremos ocupar palcos. Queremos ajudar a que as coisas aconteçam.
P – Como é que vê o Centro Histórico da Guarda?
R – Eu diria que a única entidade que cumpriu no Centro Histórico foi a ACG. Nada está feito e aí foi nitidamente a Câmara da Guarda que falhou. A nova data para o arranque das obras na Praça Velha é Junho, mas só acredito quando as vir no terreno. Até lá, não acreditamos. Mas o Centro Histórico da Guarda é uma zona com um grande potencial pelo seu valor, nomeadamente na zona da antiga judiaria, onde temos um espaço maravilhoso para fazer um aproveitamento a todos os níveis. São precisos também parques de estacionamento.
P – A Câmara alegou que esse adiamento ficou a dever-se a um pedido da ACG?
R – Isso é mentira. Nunca houve adiamentos negociados. Até porque Junho também é uma altura complicada, mas todas as são.