Em Portugal, a quadra natalícia é frequentemente recheada de “Sozinho em Casa” (1990), “The Sound of Music” (1965), “The Wizard of Oz” (1939), entre outros. Estes filmes marcam presença anual na nossa televisão, facto que confere ao Natal um encanto nostálgico e uma aura tradicional. Porém, dá-me pena que, em Portugal, a emissão natalícia de tantos outros filmes relacionados com essa quadra não se tenha tornado tradição. Partindo da ideia de que os filmes de Natal podem estar relacionados com tal época pela mera razão das suas histórias nela se ambientarem, queria aqui dar algumas sugestões cinéfilas refrescantes a quem queira assistir a filmes diferentes dos habituais.
Admito que possa estar redondamente enganado, mas não tenho ideia de “It’s a Wonderful Life” (1946) – na foto –, um dos mais aclamados clássicos do cinema, se ter convertido numa presença natalícia assídua em Portugal. O mesmo se passa com “Meet Me In Saint Louis” (1944). É um desgosto que, em terras lusitanas, este filme seja algo desconhecido, visto ser considerado o melhor da “equipa” Vincent Minnelli e Judy Garland. Liza Minnelli chegou a manifestar o seu carinho pelo filme, dado que ela só veio ao mundo graças à feliz peripécia dos seus pais se terem apaixonado durante as filmagens.
Outra sugestão é “Little Women” (1933), com uma inesquecível Katharine Hepburn no papel de Jo. Com uma narrativa ágil e sensível, “Little Women” é uma joia de valor incalculável.
“The Man Who Came to Dinner” (1942) não é um filme tão natalício quanto os anteriores, mas sendo uma comédia tão extraordinária e tão pouco conhecida em Portugal tinha mesmo de o mencionar. Bette Davis, a rainha do melodrama, está bastante bem num papel mais contido e leve nesta inteligente comédia, mas é a subestimada Ann Sheridan quem mais brilha, provando que é muito mais do que a “Oomph Girl”.
Agra vem a “crème de la crème”. A minha dupla favorita do cinema e os seus filmes “natalícios”: Myrna Loy e William Powell. A sua série de filmes “The Thin Man” não se tornou fortemente icónica no nosso país, o que é uma lástima, uma perda imensa, qual Biblioteca de Alexandria. A série de filmes destes dois atores carismáticos é fabulosa (com destaque para os dois primeiros). É uma espécie de Scooby-Doo para adultos onde o mistério e a comédia andam de mãos dadas. Nos anos 30, os dois eram adorados pelo público, encarnando um casal sofisticado, moderno, que não refletia a dura realidade.
Desejo um feliz Natal recheado de saúde, alegria e bons filmes a todos os leitores! Até para o ano.
Miguel Moreira