As verdadeiras perguntas incómodas:
Quando somos crianças é “o que é que queres ser quando fores grande?”; depois vamos para o secundário e começa tudo preocupado com a entrada para a universidade “para onde vamos e já sabes que curso queres seguir?”. Ainda nesta altura vão surgir outras perguntas: “Então ainda não tens namorado/a?”. Quando namoramos há algum tempo vão começar a insistir com “quando é que se casam?”. Assim que terminamos o curso perseguem-nos para saber se “já encontraste emprego na área?”. Se por acaso casamos ou formos viver juntos com a nossa cara-metade vão começar as perguntas sobre “quando é que vão ter filhos?” e, quando tivermos o primeiro, “quando é que vão dar um irmãozinho ao vosso primogénito?”. Depois de cumpridas todas estas etapas, provavelmente vão começar a perguntar pelos estudos/empregos dos nossos filhos, quando teremos netos, quando iremos para a reforma… Não sei, mas tenho a certeza que haverá sempre alguém a fazer este tipo de perguntas, as ditas perguntas incómodas… Vai haver sempre alguém a insistir com perguntas sobre o futuro, coisas que só a nós dizem respeito e que começam a ser “chatas” de ouvir.
Também no domínio público há perguntas que incomodam e porquê? Porque perguntam exatamente aquilo que não queremos responder; porque se esconde alguma coisa que não há interesse que seja esclarecido.
Nos cenários da política surgem perguntas incómodas, umas com propósitos políticos reveladores, outras com propósitos políticos conhecedores, outras ainda com propósitos políticos esclarecedores.
Foi ou não oportuna a pergunta? É claro que para os envolvidos no contexto que é questionado a melhor forma é lançar a dúvida, lançar a maldade, aos quais muitos estão habituados… pois claramente a resposta ou a crítica depende sempre do grau de envolvimento e trato de cada um…
Neste cenário a pergunta da sra. deputada do PS, foi muito oportuna e feita no local e contexto certo, é isso que se exige aos nossos deputados eleitos no círculo eleitoral do distrito – esclarecer. Porém, em nome da transparência e ao abrigo do princípio constitucional da administração aberta (cfr. artigo 268.º n.º 2, da Constituição da República Portuguesa, e artigo 1.º da Lei de Acesso aos Documentos Administrativos – LADA – lei n.º 46/2007 de 24 de agosto, que revogou a lei nº 65/93 de 26 de agosto, transpondo para a Ordem Jurídica Nacional a diretiva nº 2003/98/CE do Parlamento e do Conselho, de 17 de novembro, relativa à reutilização de informações do sector público), qualquer cidadão deve e pode perguntar… Assim, também faço as seguintes perguntas incómodas:
– Por que razão o Conselho de Administração da ULS da Guarda não publicitou a abertura do concurso para a elaboração do projeto de requalificação do pavilhão 5?
– Por que razão o Conselho de Administração da ULS da Guarda não publicitou a lista de empresas que se apresentaram a concurso para a elaboração do projeto de requalificação do pavilhão 5?
Por que razão o Conselho de Administração da ULS da Guarda não publicitou o valor do projeto de requalificação do pavilhão 5 que “ganhou” o concurso?
Percebemos assim, por que razão a pergunta da sra. deputada do PS se tornou tão incómoda…
Feio é esconder! Feio… muito feio, é partir para a linguagem conducente ao silenciar do que não se quer ou pretende ver esclarecido! Feio…. Muito feio!
Na realidade é do conhecimento público que a ULS da Guarda atravessa dificuldades financeiras, tendo inclusivamente sido recentemente sujeita a diversas ações de penhora; ora, sem cabimentação financeira para realizar uma obra deste montante, 2,5 milhões de euros, porque assinou um contrato? E como é que o pagou?
Ciente da importância destes esclarecimentos a GUARDA QUER SABER… Serviu a assinatura do contrato para o “fait-divers” político… “Nós queríamos, tentámos…. Mas os outros não nos deixaram…”, que pena usarem tão nobre carência para a disputa do que não leva a lado nenhum!
Por: Cláudia Teixeira