Álvaro Amaro diz que documento marca «o virar de página» na autarquia e «é marcadamente social e de apoio ao investimento produtivo». Mas Joaquim Carreira considera que «há investimento em festas e obras que não trazem nenhum benefício à cidade, mas falta investimento na economia reprodutiva»
A Câmara da Guarda aprovou, com o voto contra do PS, um orçamento de 36,8 milhões de euros para 2017 – mais 1,4 milhões comparativamente ao que está em vigor. Os documentos previsionais para o ano que vem foram discutidos na sessão do executivo da passada segunda-feira, onde ficaram bem patentes as clivagens entre maioria e oposição.
Para Álvaro Amaro, o último orçamento do mandato é «um documento realista, que não dá margem à ilusão, e é marcadamente social e de apoio ao investimento produtivo». Na apresentação do orçamento, o autarca sublinhou que o executivo PSD/CDS-PP recusou a «tentação eleitoralista de empolar o documento, como aconteceu em 2009, quando o orçamento foi de 109 milhões de euros e a taxa de execução da ordem dos 35 por cento». Nesse sentido, o presidente afirmou que «realismo, rigor e responsabilidade» são as características deste orçamento, que representa «um virar de página que perspetiva ao município da Guarda cada vez melhores condições». Nesse sentido, destacou um «alívio» nos impostos municipais, nomeadamente no IMI, e a redução em 2 por cento das tarifas de água, saneamento e resíduos sólidos em 2017. «É o primeiro orçamento em que é possível baixar a carga fiscal e as tarifas de água, saneamento e lixo, deixando a Câmara de receber receitas superiores a um milhão de euros», sustentou o edil.
Álvaro Amaro anunciou também que os apoios às associações, clubes desportivos e bombeiros vão aumentar 20 por cento e que a autarquia vai «consolidar» eventos como a Feira Ibérica de Turismo, a Feira Farta e a “Guarda – A Cidade Natal”. Já o Orçamento Participativo terá uma dotação até 250 mil euros, sendo que a autarquia vai sugerir três projetos, além de recolher «mais três» sugestões dos munícipes. O presidente da Câmara assumiu também que vai chegar ao final do mandato sem contrair «um euro de empréstimos que não seja para substituir empréstimos caros em empréstimos baratos». Por sua vez, o socialista Joaquim Carreira considerou o documento «uma cópia dos orçamentos anteriores, sem novidades ou inovação». Na sua opinião, este orçamento «é a prova que o projeto desta governação está esgotado».
O vereador da oposição assinalou mesmo que «há investimento em festas, atividades culturais e obras que não trazem nenhum benefício à cidade, mas falta investimento na economia reprodutiva». No caso «das festas», o socialista contabilizou que a despesa passa de 930 mil euros em 2016 para 1,4 milhões de euros no próximo ano. Em contrapartida, «a Câmara não teve capacidade para captar investimento nem fixar as pessoas. Há perda permanente de população e empresas a fechar, estamos a definhar como povo», criticou. O eleito acrescentou que está previsto «um aumento significativo dos impostos diretos em mais de um milhão de euros» em 2017, o que, na sua opinião, confirma que a proposta do PS para baixar IMI para 0,35 por cento podia ter «perfeitamente passado».
A recuperação e remodelação das vias de comunicação urbanas e interurbanas, a regeneração urbana, a aposta nas áreas rurais com novas obras e repavimentação das vias e a revisão do Plano Diretor Municipal, são algumas das apostas para 2017. O município quer também reforçar a Guarda «como cidade educadora», apoiar as famílias através da ação social escolar e o desenvolvimento de mais ações de natureza solidária e de combate à pobreza e exclusão social. Nesta sessão, o executivo também aprovou, mas por unanimidade, o orçamento dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS), de cerca de 6,7 milhões de euros. No total, o orçamento do grupo Câmara da Guarda para 2017 será superior a 43,5 milhões de euros.
Carreira entregou mapa da cidade a Amaro
A abrir a reunião de Câmara, Joaquim Carreira ofereceu a Álvaro Amaro um mapa dos edifícios e espaços emblemáticos da Guarda. A brochura foi editada durante a intervenção Polis e contou com a colaboração da Ordem dos Arquitetos.
«Nunca é demais saber e reavivar o que foi destacado nesse mapa, nomeadamente o parque municipal», justificou o vereador. O socialista disse ainda esperar que o presidente da Câmara «possa conhecer e sentir melhor esta cidade». Já Álvaro Amaro agradeceu a oferta mas considerou que o mapa «tem poucos locais para os turistas visitarem». Nesta sessão o executivo aprovou por unanimidade a adjudicação da reabilitação da zona da Dorna e envolvente à Biosfera por 323 mil euros, mais IVA, bem como a requalificação da “curva do facheiro”, na estrada do Rio Diz.
Luis Martins