Com a conclusão da modernização da Linha da Beira Alta em perspetiva, parece também haver uma luz ao fundo do túnel para o arranque do projeto do Porto Seco na Guarda.
A garantia foi deixada pelo ministro das Infraestruturas esta terça-feira, na estação da cidade mais alta. «Estamos a acelerar ao máximo. O projeto esteve parado, havia uma questão formal que não permitia à APDL [Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo] concorrer aos fundos comunitários e a indicação que demos é para acelerar. É fundamental avançar o mais depressa possível», afirmou Miguel Pinto Luz a O INTERIOR. O ministro realçou a importância deste empreendimento para a economia nacional. «O porto de Leixões serve hoje um “interland” de cerca de 14 milhões de cidadãos, mas precisa destes portos secos tanto de Famalicão, de iniciativa privada, como este da Guarda, de iniciativa pública», acrescentou, considerando ser «fundamental que avancemos para podermos espraiar um porto que é eminentemente urbano e que não tem capacidade de expansão em si mesmo». Por outro lado, a concretização do Porto Seco na Guarda permitirá «dar competitividade a Leixões e ao Norte de pais porque Leixões serve o norte da Península Ibérica».
Em junho, O INTERIOR noticiou que, além do atraso na conclusão da modernização da Linha da Beira Alta, havia outro problema a adiar o início dos trabalhos do Porto Seco na estação ferroviária da Guarda. A construção da primeira fase ainda não tinha sido adjudicada porque a APDL – Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo não era entidade elegível para beneficiar dos apoios do Programa “Centro 2030”. Os promotores continuavam, por isso, à espera que a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro publicasse o aviso de candidatura ao referido programa. Na altura, a CCDRC adiantou a O INTERIOR que o “Centro 2030” pretende apoiar o projeto do Porto Seco da Guarda, «no contexto do financiamento de infraestruturas e equipamentos de apoio à competitividade», e que, no contexto da reprogramação do referido programa, a Autoridade de Gestão está «em fase de negociação com a Comissão Europeia para incluir a possibilidade da APDL ser a beneficiária».
Conforme O INTERIOR noticiou no final de fevereiro, três concorrentes passaram à fase final de análise pelo júri das propostas apresentadas ao concurso público lançado em dezembro e prorrogado para 26 de janeiro. A obra tem um preço-base de cerca de 4 milhões de euros, de acordo com o anúncio do concurso publicado a 4 de dezembro no “Diário da República” pela APDL. A empreitada tem um prazo de 270 dias. O projeto prevê a construção de um edifício administrativo, serviços aduaneiros, a extensão das vias-férreas existentes de forma a acomodar um comboio de mercadorias com o comprimento de 750 metros, o aumento e reforço do terrapleno para permitir «a movimentação de mais de 45.000 contentores de 20 pés por ano» e a vedação do perímetro e controlo de acessos.
A futura empreitada compreende ainda uma série de melhorias e otimizações para garantir a eficiência operacional do terminal. Contempla também a alimentação elétrica para a ligação de contentores frigoríficos, telecomunicações e circuito de videovigilância, a instalação de uma báscula rodoviária e barreiras acústicas e integração paisagística. O estatuto do primeiro Porto Seco do país foi reconhecido em Conselho de Ministros, em dezembro de 2021. No decreto-lei que transferiu a gestão do terminal ferroviário de mercadorias da Guarda para APDL, publicado em março de 2022, lê-se que o objetivo é transformar a cidade «num eixo fundamental do posicionamento na centralidade do interior da península”. E que o Porto Seco “criará uma âncora logística fundamental no interior do país». Para a concessionária, o Porto Seco da Guarda é uma iniciativa fundamental para fortalecer a eficácia da ligação de carga aos portos do Atlântico e Espanha através da ferrovia.