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Governo aposta em «grande via» de navegação no Douro

Molhes do Douro e aprofundamento do canal junto à foz do rio Tua são os grandes projectos desta intervenção

O rio Douro vai integrar a rede europeia de transportes marítimos, um dos pilares fundamentais da política comunitária para o sector. A garantia foi deixada por Durão Barroso no sábado na Régua, onde inaugurou o Sistema de Comunicações de Segurança da delegação do Douro do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos. O primeiro-ministro aproveitou a ocasião para recordar os projectos de construção dos molhes na barra do Douro e de aprofundamento do canal junto à foz do rio Tua, que vai permitir a circulação de embarcações de maior dimensão entre o Pinhão e a fronteira espanhola. Duas obras que transformarão o rio numa «grande via» de navegação comercial, para além de potenciar ainda mais a turística.

Um empreendimento colossal que beneficiará municípios ribeirinhos do distrito da Guarda como Foz Côa e Figueira de Castelo Rodrigo, já que Barca d’Alva, neste último, será o primeiro porto português desta nova via de comunicação. O chefe do Governo referiu que o rio tem condições para a navegação de todo o tipo de embarcações de turismo, recreio, desportivas, fluviais e de transporte de mercadorias, e, por isso, «assume-se como uma das principais vias de acesso a esta região», sublinhando o facto de poder ligar o Norte de Portugal e o Noroeste de Espanha com a Europa central e do Norte e a África mediterrânica. Este cenário surge numa altura em que a Comissão Europeia conta disponibilizar 115 milhões de euros até 2010 para as alternativas de transporte de mercadorias por estrada. O problema é que as autoridades portuguesas não concedem até agora autorização de navegação a barcos de calado superior a dois metros, contrariando o acordo alcançado na cimeira luso-espanhola de Salamanca em Janeiro de 2002 que permitia calados de três metros. Daí que o transporte de mercadorias em navios de grande porte continue a ser uma potencialidade adiada do Douro.

Tanto mais que intervenção necessária na foz do Tua e Sabor para rebentar com a rocha existente no fundo e paredes laterais do rio, que dificulta a passagem dos barcos, foi calculada pelo Instituto de Navegabilidade do Douro (IND) em 20 a 25 milhões de euros. De resto, o Douro é navegável até Barca d’Alva para barcos de média dimensão e é actualmente utilizado, segundo dados do IND, por mais de 20 embarcações de cruzeiro e 60 navios fluviomarítimos que transportam vários produtos, especialmente o granito, que é o mais transportado desta região para o Norte da Europa. A candidatura da via navegável do rio à rede transeuropeia dos transportes continua na agenda do instituto, que quer fazer do Douro uma via internacional e permitir que os navios fluviomarítimos de grande dimensão cheguem até Espanha. Tanto assim que o primeiro-ministro adiantou que o assunto poderá ser um dos temas da próxima cimeira luso-espanhola que se realizará em Outubro na Galiza.

Luis Martins

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