O novo Presidente da República conseguiu surpreender no estilo: acessível, interveniente e despojado.
Aparece em todo o lado a responsabilizar empresários e políticos pelo sucesso do país e os líderes europeus pela coesão do projeto comum. E faz tudo isto sem gaguejar.
Marcelo sabe que Portugal está na iminência de um novo resgate. O aumento de despesa tem impacto nos custos com as emissões do tesouro. Tratando-se de um custo financeiro, paga-se com mais carga fiscal. Estando Portugal no limite económico dos encargos fiscais – o Estado consome 48 por cento de toda a produção nacional – a impossibilidade no aumento da carga fiscal representará mais um resgate.
É por este motivo que Marcelo visita tantas empresas com potencial de exportação, corta os gastos do seu gabinete e oferece o bólide a quem o queira sustentar, e desmultiplica-se em contactos de proximidade para captar a motivação de todos para um tempo que se avizinha difícil.
Aposta na independência do poder judicial, por saber que a corrupção afeta a saúde da economia, em particular nas empresas mais capazes. O episódio judiciário da passada semana com Diogo Gaspar, membro da equipa do Palácio de Belém, foi a oportunidade que utilizou para dar esse sinal: «Todos são inocentes até à sua condenação e espero que os elementos investigados provem a sua inocência».
E mais uma coisa: Marcelo Rebelo de Sousa tem profissão. Não precisa da política para viver, o que não acontece com 99 por cento da nossa classe política, que são inquilinos do Dinheiro dos Contribuintes.
Por: Frederico Lucas