Enquanto o país se entretém com futebol e com as vitórias, sempre expectantes, da nossa selecção, enquanto o país acompanha, com encantamento, as inúmeras visitas do nosso Presidente da República pelo país e pelo estrangeiro, enquanto os que na descrição faltam ou estão já a gozar as suas merecidas férias, ou a preparar-se para elas, enquanto tudo isto ocorre, o Governo sorri e acena.
Os indicadores que vão chegando são cada vez mais preocupantes e, quem o afirma, tem tudo de insuspeito como o Conselho das Finanças Públicas, a Unidade Técnica de Apoio Orçamental, o Banco de Portugal, a União Europeia, o Banco Central Europeu, o Fundo Monetário Internacional, a OCDE, ou as agências de notação financeira. Estes e outros avisam sucessivamente que as opções políticas e económicas deste Governo vão no sentido errado.
Em concreto a OCDE e o Banco de Portugal publicaram, durante o mês de junho, as previsões para o crescimento económico de Portugal. As duas entidades diminuíram as estimativas para o crescimento do PIB, para os valores de 1,2% e 1,3%, respetivamente. Os indicadores de atividade económica para maio do Instituto Nacional de Estatística (INE) e do Banco de Portugal baixaram, quando comparados com igual período do ano passado.
Mas em completa anestesia já ninguém fala no flagelo do desemprego, nem dos professores desempregados convidados a emigrar, sim, porque uns podem convidar à procura de melhores oportunidades, outros não!
Basta continuar a sorrir e a acenar e a transmitir um optimismo contagiante…
EVIDÊNCIAS GRITANTES
O Governo recusou responder às trinta questões que lhe foram dirigidas pelo PSD. A esquerda parlamentar opôs-se à criação da comissão parlamentar de inquérito. Sete mil milhões de euros do dinheiro dos contribuintes não será razão bastante? Não querem apurar responsabilidades? Não querem investigar, procurar, indagar o eventual tráfico de influências?
Ao arrepio das vontades, contrariados mas ainda assim sorridentes lá concedem que afinal a Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos proposta pelo PSD era impossível de travar. Os alegados riscos de afetação da credibilidade do banco público, nunca se poderiam sobrepor ao direito à verdade. As gravosas conjecturas e suspeitas que recaem sobre a sua gestão não podiam permanecer na completa obscuridade. Não era necessário sequer pedir um parecer à Procuradoria Geral da República, era o mais elementar bom senso a clamar nesse sentido.
FALTA DE SAÚDE
Os hospitais EPE têm 605 milhões de euros em dívidas a fornecedores, diz a Direção Geral do Orçamento (DGO). Os pagamentos em atraso em maio nos hospitais controlados pelo Estado subiram 13% em relação a abril – um aumento de 70 milhões de euros nas dívidas.
Coisa estranha, diria, quando ainda há dias o Senhor Ministro da Saúde garantia em audição parlamentar na Assembleia da República que estava tudo a correr com muita tranquilidade na gestão do nosso SNS.
Os motivos para este aumento são fáceis de verificar nos dados da execução orçamental do SNS que mostram claramente que houve quedas nos gastos com produtos farmacêuticos e redução na despesa com meios complementares de diagnóstico e terapêutica.
Os efeitos decorrentes da reversão gradual remuneratória na Administração Pública e da evolução no número de efetivos no SNS, serão, afirmam os mais insuspeitos, factores de ponderação nesta análise que o Senhor Ministro Adalberto recusa, cada vez que instado a explicar, o que, naturalmente, se apurava, desde logo, pela mera análise numérica em sede de debate de Orçamento de Estado.
E, ainda aí vem a aplicação das 35 horas…
Promessas à parte e injustiças inqualificáveis com profissionais da mesma categoria e dentro do mesmo serviço, a trabalhar, uns mais que outros, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses anunciou, já está semana, greve para 28 e 29 de julho, como forma de protesto contra a não aplicação das 35 horas semanais.
Não serão os únicos e mesmo em tempos especiais, com os sindicatos a falar baixinho, acompanhados pelos “silenciados” partidos de esquerda, vamos aguardar para ver!
Por: Ângela Guerra
* Ângela Guerra, deputada do PSD na Assembleia da República eleita pelo distrito da Guarda e presidente da Assembleia Municipal de Pinhel, inicia nesta edição uma colaboração mensal com O INTERIOR na primeira semana de cada mês. Será antecedida por Santinho Pacheco, deputado do PS também eleito pelo círculo da Guarda.