O guarda-redes Hélder Godinho, natural da Guarda e a representar a Oliveirense, da IIª Liga, é um dos 15 detidos no âmbito da operação “Jogo Duplo”, uma investigação sobre resultados combinados e apostas ilegais no campeonato secundário português, que acelerou depois de uma denúncia da Federação Portuguesa de Futebol. Os suspeitos são oito jogadores do Oriental e da Oliveirense, dois dirigentes do Leixões, quatro empresários e um elemento de uma claque do FC Porto.
As detenções levadas a cabo pela Judiciária ocorreram no sábado. Após o jogo Atlético-Oriental, os inspetores entraram no balneário da equipa visitante, que venceu 3-2, e deteve para interrogatório os atletas João Pedro, André Almeida, Rafael Veloso e Diego Tavares. A duas centenas de quilómetros de Lisboa, outra brigada da PJ entrou em ação no final do encontro entre a Oliveirense e o Leixões para deter Hélder Godinho, Luís Martins, Ansumané e Pedro Oliveira, da equipa de Oliveira de Azeméis, igualmente para serem interrogados por um juiz de instrução criminal. Nesta operação foram também detidos o presidente do Leixões, Carlos Oliveira, e o secretário técnico do clube, Nuno Silva (antigo defesa-central). Os suspeitos foram presentes ao juiz Carlos Alexandre na segunda e terça-feira, tendo sido decretada a prisão preventiva de Diego Tavares, Gustavo Oliveira e Carlos Silva (“Aranha”). Hélder Godinho e os restantes suspeitos saíram em liberdade sujeitos a termo de identidade e residência e proibidos de contactar entre si.
Em comunicado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou que foram realizadas «diligências de investigação em vários pontos do país, tendo sido efetuadas mais de uma dezena de detenções». Segundo o documento, «neste processo investigam-se factos suscetíveis de integrar crimes de corrupção passiva e ativa na atividade desportiva, nele figurando como suspeitos dirigentes e jogadores de futebol, bem como outras pessoas com ligações ao negócio das apostas desportivas. Em causa estão suspeitas de manipulação de resultados de jogos da II Liga de Futebol com recurso ao aliciamento de jogadores». A investigação é dirigida pelo Ministério Público – 9ª secção do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa –, com a coadjuvação da Unidade de Combate à Corrupção da PJ, encontrando-se o «inquérito em segredo de justiça».
A operação “Jogo Duplo” envolveu cerca de 70 inspetores da PJ em mais de 30 buscas a nível nacional e levou ainda à detenção de quatro empresários e um dirigente da claque do FC Porto, conhecido por Aranha, suspeitos de aliciar jogadores. Tratar-se-á de ex-jogadores que funcionariam como intermediários de empresários asiáticos e alegadamente intermediavam negócios das apostas online nos resultados dos jogos de futebol em Portugal. A PJ acredita que terão feito circular milhões de euros, em notas, por jogadores da II Liga. Alguns deles são suspeitos de, alegadamente, terem oferecido luvas a determinados atletas para, através de falhanços, prejudicarem as suas equipas e assim poderem fabricar os resultados mais improváveis.
O suposto esquema permitiria aos apostadores asiáticos, por dentro do assunto, saberem antecipadamente em que jogos teriam lucros garantidos e apostas certas. Segundo a imprensa nacional, os atletas terão sido apanhados a vender jogos e a gozar com as derrotas da equipa, não sabendo que estavam a ser escutados há cerca de dois meses.
Formado na Desportiva da Guarda
Hélder Godinho alinha na Oliveirense desde a época 2014/2015, vindo do Académico de Viseu. Natural da Guarda, o jogador, de 38 anos, formou-se na extinta Desportiva da cidade mais alta, onde ainda jogou e conquistou alguns títulos distritais nas camadas jovens antes de rumar ao Oliveira do Hospital e depois ao Operário de Lagoa. Feirense, Vilanovense, União de Leiria, Desportivo das Aves, Brasov (Roménia), Santa Clara e Académico de Viseu foram outros clubes por onde passou na sua já longa carreira desportiva.
Luis Martins