O condutor, Ricardo Videira, e o proprietário da carrinha envolvida no acidente da passada quinta-feira, em França, que causou a morte de 12 emigrantes portugueses, foram detidos para interrogatório.
O condutor, único sobrevivente entre as vítimas portuguesas, é um jovem de 19 anos, natural de Carapito (Aguiar da Beira). O seu tio, dono da viatura, é natural de Palhais (Trancoso) e circulava noutro veículo no momento do acidente. Os dois, que ficaram em estado de choque na noite da colisão, estiveram internados na unidade de psiquiatria do hospital de Yzeure até à passada terça-feira. O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, disse que Portugal acionou a proteção consular para o condutor da carrinha: «Os serviços consulares acompanham presencialmente e em termos jurídicos e administrativos tudo o que são diligências do foro jurisdicional», garantiu o governante. As autoridades estão a averiguar se o veículo em causa «estava preparado para transportar 13 pessoas», de acordo com o procurador da República de Moulins. Ao que tudo indica, «estava apenas preparada para o transporte de oito», segundo noticiou o diário “Público”.
A carrinha, do modelo Mercedes Sprinter, «não era um pequeno autocarro e não é adequada, por natureza, para o transporte coletivo», recordou o procurador. Os investigadores vão «reconstruir a carrinha a partir dos destroços» para tentarem determinar «se tinha sido construída especificamente para o transporte de pessoas», o que parece «pouco provável», precisou Pierre Gagnoud. A outra hipótese é tratar-se «de uma adaptação artesanal, totalmente inadequada, com cadeiras dobráveis e com os passageiros sentados na parte de trás em assentos improvisados», detalhou o magistrado aos jornalistas. Além disso, em causa está também o facto do motorista, de 19 anos, não ter carta para fazer o transporte de passageiros, já que só aos 21 anos se pode obter habilitação legal para ser motorista profissional. Aliás, em França, a lei não permite que alguém com menos de 21 anos conduza uma viatura de transporte de passageiros.
As 12 vítimas mortais, com idades compreendidas entre 7 e 63 anos, são dos concelhos de Trancoso, Cinfães, Sernancelhe, Oliveira de Azeméis, Pombal, Castelo de Paiva e Arouca. João Santos, de 61 anos, tinha como destino a aldeia de Palhais (Trancoso), de onde era natural e tinha casa de habitação. Viajava na companhia de uma irmã de 57 anos e do cunhado, de 58 anos, que era natural de Arnas (Sernancelhe). Os corpos foram trasladados para Portugal na terça-feira e sepultados nas suas terras natais.
O acidente ocorreu na passada quinta-feira, cerca das 23h45, na estrada nacional 79, um troço da RCEA (Route Centre-Europe Atlantique), que atravessa a França de este a oeste e que é conhecido por ser perigoso. Os emigrantes viajavam da Suíça para Portugal para passarem o fim-de-semana da Páscoa. De acordo com os testemunhos recolhidos pela brigada de trânsito de Yzeure, a carrinha desviou-se para a faixa da esquerda e colidiu com o camião, que não conseguiu evitar o choque frontal.