A Comunidade Intermunicipal Beiras e Serra da Estrela (CIMBSE) «vai funcionar. Quem há dois anos vaticinava que este conjunto de municípios não iria funcionar, lamento desapontá-los e preparem-se, mas nós vamos mesmo funcionar», assegurou Paulo Fernandes, durante a cerimónia de entrega do Prémio da Personalidade do Ano promovido por O INTERIOR.
Acabado de chegar à presidência da CIMBSE, tomou posse em de janeiro último, o também presidente da Câmara do Fundão disse acreditar que esta nova geometria administrativa vai resultar «porque é isso que vai acontecer» e avisou que «mais rapidamente vamos expor quem não estiver habilitado para devidamente concertar e trabalhar em conjunto, em prol da região». O autarca acrescentou que este «não é um desafio fácil, mas vamos trabalhar para a construção de um identidade regional», embora para isso sejam necessários «vários valores». Na sua opinião, «a escala sub-regional de uma região como a nossa é vital e essencial. A geometria e a escala regional devem ser um instrumento fundamental daquilo que é um rompimento de pequenas coisas para nos unirmos quanto aos desafios», sublinhou o presidente da CIMBSE.
Para trás ficaram os tempos em que, «dentro do Portugal dos pequeninos, cada concelho procurava ser o menos pequenino», recordou o responsável, para quem hoje o desafio «é comum a todos, é demográfico e todas as freguesias, até as mais urbanas, o enfrentam». Na sua intervenção, Paulo Fernandes destacou a importância da comunicação social local na criação desta identidade regional, pois «a maior parte dos cidadãos não sabe o que é a comunidade intermunicipal, e é preciso aproximar as duas partes, para que a população perceba o trabalho que está a ser desenvolvido». Estar atento à comunidade em geral, aos empresários e aos centros de ensino será uma das prioridades de Paulo Fernandes nos próximos dois anos na CIMBSE de forma a criar «uma triangulação de desenvolvimento» nesta nova ordem administrativa.
«O que fazemos em conjunto impõe prioridades e expõe fragilidades», admitiu, acrescentando que isso verifica-se principalmente a nível político. «Este desafio obriga a todos a ter uma abordagem de comparação com outras regiões com a qual é muitas vezes difícil de conseguir lidar», afirmou Paulo Fernandes, concluindo que «só por essa via vamos construir a tal união e a necessidade de ter perceção do quadro das Beiras e Serra da Estrela». O presidente da CIMBSE, que entregou o galardão à Personalidade do Ano 2015, Rui Ventura, deixou no ar que também ele vai ser uma figura de destaque em 2016.
Luís Veiga acusa anterior governo de «total abandono do interior»
«Os últimos quatro anos foram de um total abandono do interior», afirmou o diretor-executivo no Grupo Natura IMB, lamentando a ausência de políticas de descriminação positiva para esta região.
Além da desertificação, Luís Veiga avisou que há «um problema mais grave, precisamos de fixar pessoas», e sugeriu que sejam criadas medidas que tornem o interior mais atrativo: «Se é apetecível para um estrangeiro reformado fixar-se em Portugal por causa de medidas fiscais, deveríamos pegar nestes casos de sucessos e perceber como pode ser apetecível para um português que está no litoral vir fixar-se no interior. Nenhuma medida fiscal foi tomada nesse sentido, pelo que temos que arrepiar caminho para chegar lá», considerou o empresário durante a cerimónia de entrega do Prémio da Personalidade do Ano 2015.
Luís Veiga recordou também que as portagens não vieram beneficiar a região e os empresários enfrentam atualmente outro problema: «Todos os nossas ativos desvalorizaram ao longo dos últimos cinco anos, o que tem obrigado empresários a sair da nossa região e a investir noutras, onde os ativos são valorizados de forma mais imediata e mais segura», declarou o diretor-executivo do Grupo Natura IMB, adiantando que esse também é o caso da sua empresa.
Ana Eugénia Inácio