O descarrilamento de uma máquina de obras e de um vagão na Linha da Beira Baixa, numa ponte entre a Benespera e a Guarda, causou na semana passada dois mortos. O acidente motivou a suspensão da ligação ferroviária entre aquela cidade e a Covilhã durante dois dias, tendo os passageiros sido transportados em autocarro. As duas vítimas mortais, funcionários da REFER afectos à Brigada de Manutenção de Pontes, tinham 40 e 51 anos e eram naturais de Nisa e Entrocamento. Um terceiro trabalhador saiu ileso do acidente ao conseguir saltar da composição antes da queda da máquina de obras ferroviárias, que transportava material da Linha da Beira Baixa para a Linha da Beira Alta. A composição, formada por duas locomotivas e quatro vagões, transportava ferramentas e contentores, sendo que a máquina que descarrilou e caiu de uma altura de cerca de 30 metros era aquela que puxava os vagões. A REFER anunciou a abertura de um inquérito para apuramento das causas do desastre e instaurou um auto de notícia preliminar. Os bombeiros tiveram alguma dificuldade em chegar ao local para resgatar os corpos das duas vítimas. Situação que levou Orlindo Cabeças, comandante dos voluntários de Gonçalo, a chamar a atenção das entidades competentes para os acessos difíceis em grande parte deste troço da Linha da Beira Baixa: «Nem queremos pensar no que teria acontecido se tivesse sido um comboio de passageiros, porque foi-nos muito difícil chegar ao local já que as imediações da via são íngremes e de acesso muito problemático», alertou. De resto, o comandante contou aos jornalistas que a locomotiva terá andado «mais de 20 metros fora linha» e que não houve danos na via. A ligação Guarda-Covilhã tinha sido retomada no final da semana anterior ao acidente, quase quatro meses depois de terminadas as obras de beneficiação em quatro das 12 pontes existentes ao longo do percurso (Tapada das Cortes, Silveiras, Corte do Cavalo e Diz).
