O presidente do Eurogrupo afirmou existirem «preocupações graves» com Portugal, ao recordar a última previsão económica de inverno e o facto de o país necessitar do acesso aos mercados.
Em audiência no Parlamento Europeu, em Bruxelas, Jeroen Dijsselbloem, afirmou que «existem preocupações graves», reportando-se às previsões de Inverno sobre Portugal, que tiveram por base o esboço de Orçamento do Estado para 2016 (OE2016) apresentado a 22 de janeiro, antes das alterações e da aprovação da Comissão Europeia.
«Se olharmos para a última previsão de inverno, também para Portugal, existe uma razão para essa preocupação e como sabem Portugal saiu do programa (de resgate) sem quaisquer garantias em termos de linhas de crédito», disse Dijsselbloem, para referir ser «crucial» que o país «se mantenha independente do ponto de vista financeiro e isso exige que tenha acesso aos mercados».
«O Governo está consciente da situação, manifestou o seu empenho forte e sincero para cumprir o pacto», afirmou o responsável do Eurogrupo, que respondia a uma intervenção de Markus Ferber, do PPE.
O eurodeputado lembrou «preocupações» pela proposta do OE 2016 «não só ter sido apresentada demasiado tarde», mas também por incluir um «conjunto de compromissos eleitorais que tinham que ser implementados». Além da Comissão Europeia, «também houve preocupações no Eurogrupo», disse o eurodeputado, acrescentando a pergunta sobre o que o conjunto de países da zona euro vai fazer para garantir que Portugal cumpre a «definição, aprovação e execução do OE», uma vez que o país «não deverá cair de novo numa situação problemática».
Acerca da entrega do documento orçamental, Dijsselbloem admitiu ter «obviamente chegado tarde, por razões que são compreensíveis», numa referência ao processo de formação do novo executivo, na sequência das eleições legislativas de outubro. O responsável recordou ainda o processo de «discussões intensas» entre Lisboa e a Comissão Europeia devido ao «hiato demasiado grande sobre onde estava o Orçamento e onde deveria estar o Orçamento». Dijsselbloem recordou que o assunto português, e de outros países em risco de não cumprirem o PEC, será reanalisado na primavera, aquando das novas previsões económicas.