Nos últimos anos, esta coluna tem verificado alguma intermitência. Entre paragens e regressos, pelo menos assim me falou زرتشت (Zaratustra, em persa), há já quem pense que esta coluna é nietzschiana, porque quando é interrompida os leitores acham boa essa ausência e quando regressa parece o mito do eterno retorno.
Poderá o leitor mais cético ficar admirado por alguém conversar com Zoroastro. Não é caso para tal. Jesus está muito ocupado a conversar com Alexandra Solnado, Maomé anda a precisar de descanso e eu não tenho muita paciência para estar em filas de espera, mas também não abdico do meu direito a uma audiência com um fundador de religiões do Médio Oriente.
Dá-se este regresso num tempo de indefinição política, em plena campanha eleitoral para eleger um Presidente da República, a escolher entre dez candidatos. Há um calceteiro, mas todos têm jeito para a pedrada. Há um orador motivacional, mas todos dão motivos para mudar de canal. A esquerda tão unida apresenta cinco candidatos. O favorito destas eleições é Marcelo Rebelo de Sousa, uma espécie de bibliotecário-explicador que a TVI tentou sem sucesso substituir por uns animais numa quinta.
Ainda há três meses tivemos outras eleições. António Costa levou baile nas nacionais e ganhou o lugar de primeiro-ministro com a fanfarra da Internacional. Portugal tem agora um parlamento frentista, em estilo Livre, um governo costista e a oposição de bruços. A política portuguesa oscila entre a dança de salão e um torneio de natação.
Esta coluna possui, no entanto, uma característica comum a este novo governo: manter-se-á enquanto o Bloco, o PCP e a esquerda radical permitirem.
Por: Nuno Amaral Jerónimo