Dia de consoada, dia de reflexão. Tempo de olhar para este ano e ver o que a intolerância fez aos que são tolerantes. E se je suis Charlie Hebdo, apetecia-me hoje mesmo estar no Bataclan ouvir a opereta de Offenbach e questionar porque é que o terrorismo existe e se o racismo, a opulência, a riqueza e a intolerância não deveriam ser substituídas pelo respeito por todas as culturas e civilizações, nessa procura insistente de justiça?
Por acaso, caríssimo leitor, já deu conta que enquanto lê esta crónica morrem cinco crianças, vítimas da fome, continua a guerra em vários pontos do planeta, trazendo milhares de refugiados, com todos os problemas inerentes de quem foge da guerra e a pergunta que formulamos tem de ser forçosamente esta: O que podemos fazer pela PAZ?
A resposta é sempre muito simples, cheia de palavras líricas, delicodoces e com carga ideológica de autêntica boa intenção. No entanto, caindo em nós, percebe-se que me cabe a mim, a si, às organizações, às igrejas, aos governos, inverter a situação caótica que vivemos ao defendermos, todos juntos, um conceito de uma sociedade pluralista, multicultural que não prive ninguém da sua própria identidade, deixando de julgar o outro, tendo em conta, única e exclusivamente, a nossa cultura, aceitando que na cooperação esteja sempre presente uma precisa perceção de igualdade, de justiça, de PAZ.
E se assim não for continuaremos permanentemente confrontados com egoísmos exacerbados, invejas desnecessárias, pobrezas extremas, racismos inqualificáveis onde a selva de atropelos assume contornos de verdadeira malvadez. Eu sei que os grandes e poderosos geram conflitos motivados pelo vil metal por todo este mundo, principalmente entre povos sujeitos a situações de pobreza onde a desigualdade e a exclusão são fatores determinantes, explorando de forma vil e ordinária os sentimentos, acicatando a crença em Deus, num misto de ódio, inveja e raiva.
O Natal é essencialmente uma festa cristã. Os católicos costumam abraçar-se na missa e desejar ao irmão que se senta ao seu lado a PAZ em Cristo. No revés da medalha damos conta do ditado que a sabedoria popular eternizou para todos os seguidores da igreja de Roma: “É verdade que somos todos irmãos. Mas cada um come em sua casa”.
Natal é em dezembro, mas em maio pode ser, Ary, acrescentou e bem, que é mesmo quando um homem quiser, percebendo-se a importância de inverter esta mesquinha forma de pensar e agir do nosso dia-a-dia.
Para si, caríssimo leitor, um bom Natal, Festas Felizes, e, como só nos iremos reencontrar para o ano, votos sinceros de uma ótima passagem de ano e que 2016 nos traga tudo de bom, assumindo por inteiro aquele desejo popularizado pelo célebre adágio de nuestros hermanos: salud, dinero y amor.
Por: Albino Bárbara