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Voto de repúdio e moções contra as portagens marcaram Assembleia Municipal da Guarda

Maioria dos deputados repudiou declarações do vereador Joaquim Carreira e considerou que a cobrança na A23 e A25 «penalizam» as populações e empresas da região

Um voto de repúdio, mais duas moções contra as portagens, várias recomendações e pedidos de informação ao executivo, assim foi a última Assembleia Municipal da Guarda de 2015. Nesta sessão, realizada na sexta-feira, os deputados aprovaram também o Plano e Orçamento da Câmara para 2016 sem grandes controvérsias.

Viveu-se alguma tensão quando o grupo municipal do PSD apresentou um voto de repúdio às declarações do vereador socialista Joaquim Carreira, que, a propósito do balanço dos dois anos do atual executivo liderado por Álvaro Amaro, classificou o presidente de «mercenário da política». As bancadas do PS e do Bloco de Esquerda contestaram a proposta, que consideraram «inoportuna», mas o voto da maioria prevaleceu e o repúdio foi aprovado com 40 votos a favor, 17 contra e 10 abstenções, oito das quais vieram do PS.

Por maioria foram também aprovadas duas moções, do Bloco de Esquerda (BE) e da CDU, pelo fim das portagens na A25 e A23 por serem «penalizadoras das populações e empresas». A proposta do BE foi aprovada com dez votos a favor e 41 abstenções e a da CDU passou com dez votos a favor e 37 abstenções.

Marco Loureiro (BE) recomendou ainda à Câmara que «a despoluição do rio Noéme seja uma prioridade» em 2016 e que «não seja um “dossier” esquecido, como foi durante estes dois anos de mandato», refere o documento. Já o colega de bancada Bruno Andrade recomendou ao executivo presidido por Álvaro Amaro que melhore o Índice de Transparência Municipal (ITM) – onde a Guarda ocupa o 290º lugar entre 308 autarquias – colocando online, em versão áudio e vídeo, todas as Assembleias Municipais realizadas neste mandato. Sobre este tema, o edil guardense adiantou aos deputados que falou com um dos responsáveis pelo estudo e que a Transparência, Integridade e Associação Cívica (TIAC) virá brevemente à Guarda explicar os critérios e as suas conclusões. «Não admito que uma associação de direito privado ponha esta Câmara como sendo quase o campeão da opacidade», disse Álvaro Amaro.

Nesta sessão, o socialista José Quelhas Gaspar sugeriu a criação de um grupo de trabalho com vista à instalação do Centro Interpretativo da História da Guarda, mas a proposta foi chumbada porque a maioria sustentou que o projeto já está contemplado no futuro “Quarteirão das Artes”. Por sua vez, Matias Coelho (PS) subiu à tribuna para criticar a ULS por causa das avarias dos broncofibroscópios e da ressonância magnética. Neste último caso, o médico fez as contas e concluiu que são pedidos «400 exames por mês, todos feitos no privado» e que custarão cerca de 100 mil euros mensais à ULS. «Quer dizer que num ano são mais de um milhão de euros, o que é intolerável», afirmou o deputado. Matias Coelho acrescentou que estas situações resultam da «falta de interesse, de empenho ou é incompetência», para concluir que, «seguramente, há gente melhor no distrito da Guarda para obter resultados destes». Álvaro Amaro concordou que nestes últimos tempos tem havido «situações inadmissíveis» na ULS, lembrando que o caso da ressonância magnética está a ser investigado pela PJ.

Também do PS, o líder da bancada requereu à Câmara informação sobre as candidaturas aprovadas em “overbooking” no quadro comunitário anterior e as que estão em análise ou já receberam luz verde no “Portugal 2020”. O presidente da Câmara revelou então que tinham sido aprovadas três candidaturas, concretamente, 337 mil euros para o arrelvamento do Campo do Zambito,138 mil euros para a beneficiação da Rua das Barreiras; e 129 mil euros para o Parque TIR da Plataforma Logística. «Ainda estamos à espera de resposta para as outras candidaturas», acrescentou o autarca. Bruno Andrade (BE) veio depois pedir o relatório financeiro da atividade “Guarda: A cidade Natal” e ameaçou que solicitaria uma inspeção à Inspeção-Geral de Finanças. Perante esta posição, Álvaro Amaro anunciou que não fornecerá «nenhum elemento» ao BE sobre esta atividade, mas que enviará toda a informação aos restantes grupos municipais. Polémica à parte, o presidente entregou a cada partido representado na AM uma réplica do “Anjo da Guarda”.

Luis Martins Álvaro Amaro revelou que município vai receber comparticipação de 604 mil euros para três obras candidatadas em “overbooking”

Comentários dos nossos leitores
José António Quelhas Gaspar quelhasgaspar@sapo.pt
Comentário:
Na sessão da Assembleia Municipal da Guarda, realizada no dia 18/12/2015, foi apresentada uma proposta, concreta e fundamentada, para a criação de um grupo de trabalho, com vista à instalação de um Centro de Interpretação da História da Guarda. Apesar de ter sido considerada “muito boa” pela maioria (PSD+CDS), a mesma foi chumbada pela referida maioria, com o argumento de que algo semelhante estará previsto para o “Quarteirão das Artes”. Contudo, logo a seguir, o presidente da Câmara Álvaro Amaro, não confirmou aquela previsão, antes dizendo que, presumivelmente, será uma questão a ter em conta. Ou seja, a maioria (PSD+CDS) votou contra a proposta porque a mesma não nasceu no seu grupo. O facto é que a mesma dificilmente poderia ali ter origem, pois não parece haver, naquele grupo político, quem tenha conhecimento bastante para a elaborar e fundamentar. Esperamos que o grupo de trabalho, agora rejeitado, não venha a ser constituído por pessoas contratadas fora da Guarda.
 

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