Arquivo

Um anjo a caminho da Guarda

Escultura de Pedro Figueiredo é inaugurada amanhã na rotunda da Avenida de São Miguel por ocasião do Dia da Cidade

O município inaugura amanhã o “Anjo da Guarda”, uma escultura de Pedro Figueiredo que vai ornamentar a rotunda da Avenida de São Miguel, na Guarda-Gare.

O projeto é a concretização de um anseio antigo do escultor natural da cidade e que o próprio revelou em entrevista a O INTERIOR no final de 2014 (ver edição de 31/12). Volvido quase um ano, graças ao convite da autarquia, os desenhos e as maquetas saíram da gaveta do artista e deram origem a uma peça escultórica que, «de certo modo, enaltece a Guarda e a sua cultura». Para Pedro Figueiredo em nenhum outro lugar este anjo poderia bater as asas: «É uma analogia que considero perfeita. O Anjo é, realmente, da Guarda, o seu nome assim o diz. E é neste espaço geográfico que ele tem de se eternizar como ícone da cidade e ser reconhecido como tal no resto do país e no mundo», adianta o escultor. Para tal, a Câmara da Guarda encomendou miniaturas da escultura para oferecer aos convidados e vender como símbolo da cidade.

E como é o “Anjo da Guarda” – que há hora do fecho desta edição ainda não tinha sido colocado no seu pedestal? «Em termos escultóricos, estamos perante uma representação figurativa de um Anjo, enquadrado numa linguagem contemporânea. No cimo do pórtico e na cidade mais alta, por isso mais perto do céu, observa os/as transeuntes contemplando-os/as num ambiente poético e, ao mesmo tempo, com a responsabilidade de zelar pelas suas vidas», refere o escultor, lembrando que, simbolicamente e segundo as crenças cristãs, «o “Anjo da Guarda” aparece no nascimento para nos proteger durante toda a nossa vida». Mas esta não é a única simbologia patente na obra do artista. «O pórtico, sendo uma composição geométrica perfeitamente plana, é composto por três degraus e uma abertura retangular. Os três degraus são o número perfeito e simbólico. A abertura simboliza as portas de entrada e saída da cidade, mas também o momento do nosso nascimento», acrescenta Pedro Figueiredo.

No entanto, para se poder chegar ao Anjo, há quatro caminhos à escolha. «São percursos ascendentes e descendentes que nos levam até ele envolto numa atmosfera que nos remete para o Jardim do Éden», desvenda o autor. A escultura ornamenta a rotunda do cruzamento da Avenida de São Miguel com a Rua do Facheiro e zona envolvente, na Guarda-Gare.

A requalificação da rotunda – mandada construir sob forte contestação popular por Joaquim Valente no verão de 2013 – tem uma dotação de 340 mil euros no orçamento da Câmara, mas Álvaro Amaro garantiu recentemente que «não quer dizer que se gaste esse dinheiro todo» naquela obra.

Quem é Pedro Figueiredo?

O escultor (Guarda, 1974) reside atualmente em Coimbra, onde se licenciou em Escultura pela Escola Universitária das Artes de Coimbra (ARCA EUAC).

Tem uma pós-graduação em Comunicação Estética e mestrado em Artes Plásticas na mesma instituição. Expõe individualmente e participa em Simpósios desde 2000. Em 2003 ganhou o Prémio Revelação da XII Bienal de Vila Nova de Cerveira. Em 2013 obteve uma menção honrosa no Concurso de Ideias para a obra escultórica do Dr. João Cordeiro no Museu da Farmácia, em Lisboa. Está representado nas Galerias de São Mamede (Lisboa e Porto) e Nuno Sacramento (Ílhavo), bem como em diversas coleção públicas e particulares nacionais e estrangeiras. A sua obra inspira-se na representação contemporânea do corpo humano ou animal. «Posso situar o meu trabalho no Expressionismo, uma vez que me afasto do Naturalismo de muitos escultores. A técnica na minha escultura tem vindo a ser cada vez mais apurada, quanto aos materiais, eles variam entre a resina de poliéster, o metal, o bronze e agora mais recentemente o vidro e a madeira», disse recentemente Pedro Figueiredo a O INTERIOR.

O Anjo ainda não tinha sido colocado no seu pedestal na terça-feira

Sobre o autor

Leave a Reply