Os médicos que realizam serviço nas Urgências do Hospital Sousa Martins (HSM) estão descontentes com a administração da unidade hospitalar, por esta, desde o início deste ano, ter começado a pagar apenas 35 horas, em vez das 42 habituais e a que os clínicos dizem ter direito, isto «sem dar qualquer conhecimento prévio» aos profissionais. Esta alteração no modo de pagamento está a provocar o desagrado entre os cerca de 14 médicos das Urgências, que poderão boicotar o serviço se a liquidação não for efectuada no início do próximo mês.
Vários especialistas contactados confirmaram esta situação, embora tenham preferido manter o anonimato. «Vamos esperar até final do mês para ver se o problema é resolvido», assegurou um médico. Caso contrário, e se a situação «se continuar a arrastar», os vários profissionais envolvidos já consideram a possibilidade de boicotar a prestação de serviço nas Urgências, enquanto a verba em atraso não for liquidada. «Vive-se um período de insatisfação neste grupo de médicos que espera agora que a administração pague as horas em atraso», realça outro clínico. Entretanto, já terão ocorrido algumas reuniões entre vários médicos envolvidos e o director clínico do HSM, para abordar o assunto e saber para quando está prevista a resolução do diferendo. Confrontado com o assunto, José Cunha preferiu não emitir qualquer opinião remetendo para a administração a resolução «das contas». Contactada por “O Interior”, Isabel Garção limitou-se a confirmar que a direcção se encontra «a tratar do assunto», escusando-se a tecer qualquer outro comentário sobre a matéria. Recorde-se que este tipo de situações – o não pagamento da diferença entre as horas extraordinárias pagas e as horas de trabalho extraordinário realizado – determinou o encerramento, por greve, de serviços de urgências em diversos hospitais do país. É considerando, desde logo, estes casos que a situação é mais preocupante no Sousa Martins. Os clínicos querem ver a situação resolvida nos próximos dias, caso contrário ponderam a possibilidade de seguir o exemplo dos colegas de outros hospitais. É mais uma dor de cabeça com que conta a direcção do Sousa Martins.