A contínua crítica negativa aos apoios à empregabilidade adotados e praticados pelo IEFP (Instituto do Emprego e Formação Profissional) é uma questão que deve, de facto, ser discutida.
Os apoios que este Instituto proporciona são descritos, na grande maioria das ocasiões, como se se tratasse de uma situação de escravatura, onde os cidadãos trabalham precariamente e recebem um escasso ordenado. É criticado o IEFP por criar apoios instáveis, são fortemente criticadas as entidades empregadoras por se aproveitarem destes apoios e assim conseguirem uma “mão-de-obra mais barata”, e são criticados os cidadãos empregados que se “sujeitam” a esta precariedade. Até a diversidade dos apoios existentes é criticada, havendo medidas de empregabilidade “para todos os gostos”.
Observemos então a mesma situação de empregabilidade, ou falta dela, existente no país mas sem os apoios do Instituto do Emprego. Onde estariam os milhares de desempregados anuais que devido às várias medidas de apoio deixam de o ser? Continuariam provavelmente na mesma situação, desempregados. Como estariam as entidades empregadoras que necessitam verdadeiramente de mão-de-obra, mas que não possuem uma bolsa financeira que lhes permita pagar a totalidade dos ordenados, dignos e meritórios a cada cidadão, segurança social e demais despesas provenientes dessa mesma empregabilidade? Não poderiam provavelmente empregar essa mão-de-obra necessária e, consequentemente, teriam de deixar de competir no mercado, o que levaria ao encerramento de empresas. Será esta perspetiva, para o crescimento, desenvolvimento e emprego, mais animadora?
Serão então assim tão negativos estes apoios? E a sua diversidade, desde estágios a jovens-licenciados ou medidas de empregabilidade para maiores de 45 anos, entre outros, serão motivo de tantas críticas? Não será preferível, um jovem recém-licenciado estar empregado, com um apoio a estágio e a receber um ordenado, nem que seja durante um período de um ano, a estar em casa sem qualquer objetivo de vida profissional, sem qualquer rendimento financeiro, durante esse mesmo ano? Não será melhor um cidadão com 60 anos, que tendo ficado desempregado e ainda não tendo idade para obter a Reforma, poder novamente ser empregado numa entidade que, devido à existência de um apoio para maires de 45 anos, tem a possibilidade de aumentar mais um posto de trabalho, e assim contribuir não só para um melhoramento do desenvolvimento da sua empresa, mas proporcionar a mais um cidadão, a mais uma família, um rendimento financeiro?
É de questionar então se terão os cidadãos, autores das constantes críticas, estado na situação de necessidade de emprego? Terão estes cidadãos se colocado na posição das entidades empregadoras que pretendem realmente continuar a competir com o mercado mas que se sentem de mãos e pés atados por não poderem suportar sozinhas as despesas que advêm da empregabilidade? Provavelmente veriam a necessidade e eficácia destes apoios com outros olhos, os olhos da realidade.
Por: Joana Correia Saraiva