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Mãe, estou na tv!

Opinião – Ovo de Colombo

Quem não se lembra de “O.C. – Na Terra Dos Ricos”? A série agarrou adolescentes ao ecrã durante grande parte da década de 2000, mas teve um rumo inesperado. Tudo porque Mischa Barton, a protagonista feminina, se “evadiu” para tentar a sua sorte no cinema: o que acabou por correr mal diga-se. Mas desengane-se quem acha que isto é coisa do passado. Recentemente, Ed Skrein, um ator secundário da popular série “Guerra dos Tronos”, saiu para protagonizar o novo “Transporter”. No entanto, é cada vez mais raro abdicar de um papel regular numa série em prol de um filme… e ainda mais raro que compense.

Não há dúvidas: longe vai o tempo em que a televisão era o “parente” pobre do cinema. E se antes a prática era brilhar no pequeno ecrã de olhos postos na grande tela, o contrário deixou de ser um caso raro nos dias de hoje. Vejamos: Kevin Spacey vai reinar em “House of Cards” pela quarta temporada consecutiva, Matthew McConaughey brilhou na primeira temporada de “True Detective” no ano em que seria premiado com o Óscar e o “monstro” Billy Bob Thornton interpretou o maníaco protagonista de “Fargo”. A aposta num elenco recheado de figuras do cinema foi clara nestas séries e tem tendência a intensificar-se (como é evidente nas novas temporadas das duas últimas séries). E estes são apenas alguns exemplos.

O principal motor da crónica desta semana tem um nome: Viola Davis. E este texto bem podia ser uma “carta” de agradecimento à televisão. Duas nomeações aos Óscares no bolso e uma interpretação curta, em “Dúvida” (2008), onde “brilhou” mais do que Meryl Streep não chegaram para Viola ter mais oportunidades no mundo da sétima arte. Os papéis foram chegando, mas a explosão era adiada ano após ano… Até Shonda Rhimes, a mãe de “Anatomia de Grey” e “Scandal”, pegar nela e a tornar a melhor atriz atualmente em televisão. Com apenas uma temporada de “Como Defender um Assassino”, Viola levou para casa o Emmy e foi nomeada para os principais prémios da televisão ainda antes da season finale.

No entanto, algo não mudou: o cinema está atento. Por exemplo, Tatiana Maslany, que tem brilhado ao interpretar mais de 10 personagens em “Orphan Black”, tem sido chamada para castings de vários filmes de peso. Vivemos, ainda assim, uma nova realidade. Atraídos por salários altos, prestígio e cargos na produção dos programas onde participam, a par do crescimento de serviços como a Netflix, poucos atores arriscam desistir da televisão definitivamente. Mas vão “piscando” o olho ao cinema – e ele “pisca” de volta.

Sara Quelhas*

*Mestre em Estudos Fílmicos e da Imagem pela Universidade de Coimbra

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