Exmº Senhor Dr. Albino Bárbara
Mesmo que não seja usual responder a uma carta que não pede resposta, faço gosto em responder à que me dirigiu.
É tão rica de dados e tão bem escrita que seria pena se só provocasse o silêncio da destinatária.
Tenho pena de não conhecer tão bem o distrito como o Albino Bárbara. Mas não se iluda. Estou ligada a tantos familiares e amigos da Guarda, incluindo o meu pai e o seu ramo familiar – todos exemplares republicanos – que não me sinto estranha e foi com naturalidade que integrei a lista de candidatos do Partido Socialista às Legislativas 2015.
Sinto um forte desejo de fazer alguma coisa por um distrito tão pobre e tão abandonado, apesar do riquíssimo lote de personalidades que lhe matizaram o passado como, aliás, tão bem o caracterizou «um distrito exportador de saber e inteligência». A Guarda e a sua região exigem muito empenho na coesão social e territorial, uma nova geração de políticas ativas de emprego que fixem e atraiam população, novas medidas solidárias dirigidas aos mais idosos e aos mais vulneráveis, serviços públicos de qualidade na Saúde, Educação e Justiça.
À semelhança do que se passou noutras regiões, também no distrito da Guarda se observou o encerramento de várias extensões de centros de saúde que tornaram muito mais difícil o acesso de utentes do SNS aos cuidados de saúde (Louriga e Tourais, são dois casos típicos).
Numa região caracterizada por apresentar uma orografia que dificulta a mobilidade dos cidadãos, a alteração do regulamento dos transportes de doentes, nomeadamente no contexto dos acordos com as corporações de bombeiros, inviabilizaram na prática, o transporte gratuito dos utentes mais idosos, negando-lhes o exercício do direito à saúde. É, para mim entre muitos problemas a resolver, o que me causa grande perplexidade e que gostava de contribuir para repor alguma justiça. Em 1978, quando António Arnaut, um socialista visionário, assumiu a pasta dos Assuntos Sociais, o distrito da Guarda foi selecionado para lançar a experiencia piloto na criação do Serviço Nacional de Saúde. Foi então um distrito pioneiro, onde lhe foram reconhecidas propriedades “curativas”, mas infelizmente o retrocesso não se fez esperar. Dava-me gosto, por isso, fazer também alguma coisa pelo distrito da Guarda, pelo qual o meu próprio pai sempre lutou.
Dá-me esperança o facto de o meu partido sempre ter combatido as dificuldades do distrito. Será o meu compromisso dar continuidade a esse combate, ao mais alto nível.
Trago para o distrito alguma experiência parlamentar na área da saúde, da legislação em geral e principalmente uma voz que não se calará na denúncia das injustiças gritantes que tenho observado com maior conhecimento durante a campanha que estamos a fazer.
Combater as assimetrias e o êxodo de tantos Egitanienses ou Guardenses, como agora se diz, trabalhar para o desenvolvimento da região, são os propósitos do nosso compromisso eleitoral com a Guarda. Mas não me iludo. As dificuldades vão continuar a impor a sua exigência. Conseguiremos obter junto do poder político os apoios justos e necessários? Assim o espero. Não cultivo ilusões mas tenho esperança e confio que podemos contribuir para melhorar o cenário onde se movem as pessoas da Guarda trabalhando para o seu direito à felicidade. É também um direito que todos devemos exigir.
Grata pela sua carta aberta. Cordialmente:
Maria Antónia Almeida Santos, candidata do PS à Assembleia da República pelo círculo da Guarda
Comentários dos nossos leitores | ||||
---|---|---|---|---|
|
||||