Nos últimos anos o criador dos “dicionários mais famosos” da Alemanha tem feito a mesma pergunta aos seus utilizadores: qual o seu termo favorito, entre o léxico usado pelos mais jovens?
Este ano, a resposta foi clara: mais de um terço dos inquiridos no “Youth Word of the Year” escolheu o verbo “Merkeln”. Uma expressão inspirada na chanceler Angela Merkel e criada para definir o ato de «não fazer nada, não tomar decisões, não expressar nada de pessoal».
A conclusão de 35 por cento dos inquiridos tenta assim retratar a posição pouco definida ou mesmo o silêncio de Merkel em relação a temas fraturantes, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, conta o diário espanhol “El País”. Isto apesar da forte presença de uma das mulheres mais poderosas do mundo nos temas europeus e internacionais, como a crise soberana da zona euro, o terrorismo ou o impasse na Grécia.
A ideia de imobilismo a nível interno foi recentemente reforçada quando, nas redes sociais, surgiu uma hashtag (indexador que permite agregar os assuntos relacionados com o mesmo tópico ou discussão) #Merkelschweigt, qualquer coisa como #Merkelsilenciosa, em tradução livre, depois do silêncio inicial da responsável perante as manifestações de grupos neonazis frente a centros de refugiados em Heidenau.
Depois da pressão nas redes sociais, Merkel acabou por deslocar-se mais tarde ao centro e tem sido nas últimas semanas um dos dirigentes europeus mais empenhados na resolução da crise de migrantes. A concorrer com o verbo criado a partir do nome da chanceler estão palavras como “tinderella” (designa uma mulher viciada em redes sociais de encontros), “smobie” (homens que parecem zombies a usar o telemóvel), ou “earthporn” (uma paisagem natural de tirar a respiração).