Na ausência de uma política da administração central, o financiamento dos corpos de bombeiros voluntários tem vindo a ser assegurado pelos municípios que têm substituído o Estado nesta incumbência, concedendo importantes apoios ao longo do ano, traduzidos, designadamente, em subsídios mensais e/ou anuais. Mas, na verdade, durantes os dois últimos anos – 2013 e 2014 – a Câmara da Guarda andou apenas a liquidar a dívida existente do anterior executivo aos BV, ficando por disponibilizar a verba/subsídio anual, isto é, andaram a pagar as dívidas gerando novas dívidas. Na prática foi isto, pois na verdade a CMG até ao presente ano e desde que este executivo entrou em funções ainda não criou condições para pagar o compromisso tão honroso com os BV, andou até aqui a pagar o atrasado…
É público que as corporações de bombeiros do nosso concelho atravessam sérias dificuldades, enfrentam constrangimentos de ordem financeira que colocam em risco o seu normal funcionamento e capacidade operacional nos níveis adequados.
É ainda público que a CMG reconhece a corajosa ação dos bombeiros, que não se poupam a sacrifícios, não deixando de colocar muitas vezes a sua vida em causa no cumprimento da sua missão humanitária, mas… Basta de discursos em dias de agenda, é necessário passar-se à ação. Não são os discursos, quase de agenda política, que trazem os equipamentos completos de proteção individual aos bombeiros, constituídos por botas, luvas, capacetes e cogulas, calças e dólmens, necessários ao apoio operacional do dispositivo de combate a incêndios florestais com o objetivo de contribuir para uma época de fogos sem vítimas. Não podemos chorar neste tema, mas já que este executivo premeia tanto as festas porque não a realização de um mega “weekend” destinado à angariação de fundos para os bombeiros? A ideia não é nova, pois já na altura das grandes “Festas da Cidade” havia um carro para sorteio cujos fundos revertiam integralmente a favor dos bombeiros! Sr. presidente até para as festas é necessário ser-se criativo, haja ideias mais capazes…
A festa é boa? É; a festa é necessária? É; a festa fazia falta? Sim! Mas não chega! O senhor foi eleito para fazer mais do que festa e obras de requalificação… Vamos à obra, vamos aos sérios compromissos que assumiu… E, por favor, deixe a vaidade das festas para segundo plano, quando é necessário mão urgente no apoio a quem, de facto, necessita e que somos TODOS, através dos apoios necessários aos bombeiros! Sr. presidente é inadmissível que no dia 5 deste mês a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários Egitanienses tenha comemorado o seu 139º aniversário e nos discursos públicos de dirigentes e políticos se assista a um vale de lágrimas repetitivo, subsídios que não são pagos, dívidas que se pagam sem juros ou outras contrapartidas, mas lá aparecem com grande lata… «Tudo estamos a fazer!», o mesmo é dizer que para já ainda não fizeram nada, é só faz de conta!… Faz de conta que atribuímos dinheiro, mas ainda não temos agora aqui para entregar…, faz de conta que somos muito perfecionistas e, nesta atitude, primeiro pagamos o que se ficou a dever do anterior executivo e depois já pagamos o que deveríamos ter começado a pagar… Mas o inadmissível sr. presidente é que durante este mesmo dia se tenha anunciado que a nossa autarquia estava em negociações com a empresa Podium, SA, que tem a organização exclusiva da Volta a Portugal em bicicleta, com vista a aquisição de um contrato patrocínio para duas chegadas de etapas – em 2016 e 2017. Muito conveniente sr. presidente! É certo que a Guarda necessita de imagem, é certo que a Guarda necessita de vida, é certo que a Guarda necessita de ser mais conhecida! Mas… Quando não se tem para os bombeiros, dos quais necessitamos durante todo o ano, é inaceitável que se façam estas escolhas! Sabe que, por exemplo, num contrato desta envergadura os municípios de Santo Tirso e Montalegre, em 2014 – 76ª Volta a Portugal em bicicleta –, o valor do patrocínio fixou-se em 60 mil euros a chegada de etapa! Ora, duas… é só fazer contas! E relacionar com os 44 mil euros entregues, da segunda fase de pagamentos, a todas as associações do concelho. E continua a não haver dinheiro para os Bombeiros?!
Na verdade, independentemente da grave situação económica, financeira e social que afeta o país, dos constrangimentos financeiros do município que limitam naturalmente a sua capacidade de intervenção, considero como opção política conscientemente assumida, ser mais importante o reforço do apoio às corporações de bombeiros, facto que não se tem verificado, do que as festas que apenas servem à vaidade de alguns. Deixemo-nos de pequenez, tomem-se medidas sérias, já todos vimos as camisas novas, há necessidade urgente de medidas que envolvam todos, que envolva a Guarda, que A identifique.
Por: Cláudia Teixeira
* Militante do CDS-PP