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Bendada já tem Casa da Música

Projeto da Sociedade Filarmónica local espera impor dinamismo cultural no concelho do Sabugal e ser palco de “Escola de Verão” para músicos de todo o país

Pode não ser tão conhecida como a do Porto, nem ter uma arquitetura tão peculiar, mas também no interior do país nasceu uma Casa da Música. Localizado na Bendada, uma aldeia do Sabugal com menos de 300 habitantes, este é o mais recente projeto da Sociedade Filarmónica Bendadense (SFB).

Com este novo espaço chegam também novos desafios, como impor algum dinamismo cultural com atividades regulares que passem pela música, teatro, exposições, entre outras. A construção da Casa da Música impunha-se à medida que crescia o sonho da SFB ter instalações próprias e adequadas à sua atividade cultural. Dotada de um auditório com capacidade para 120 pessoas e três salas de aula insonorizadas, o edifício significa um investimento de aproximadamente 400 mil euros, dos quais 200 mil foram financiados através da Pro Raia – Associação de Desenvolvimento Integrado da Raia Centro Norte, e o restante pela Câmara do Sabugal. O projeto contou ainda com o apoio da Junta de Freguesia da Bendada.

É neste novo edifício que os alunos da escola de música da filarmónica vão passar a ter formação, cumprindo-se assim dois objetivos: «Abastecer a banda filarmónica de músicos de qualidade e proporcionar a muitas das crianças e jovens uma saída profissional que, para muitos deles, se tem revelado fundamental nas suas carreiras», explica o presidente da coletividade. Ao longo dos 146 anos de existência, da única banda filarmónica do concelho sabugalense saíram vários os elementos para fazer desta atividade a sua vida, o que ao mesmo tempo «permitiu aumentar consideravelmente a qualidade musical», assevera Filipe Fernandes.

Atualmente com cerca de 34 elementos, maioritariamente jovens, e com 20 na Escola de Música que funciona de forma gratuita, a banda da Bendada não deixa de investir na formação e de recrutar novos elementos. Filipe Fernandes explica que «não existe nenhuma banda filarmónica que possa resistir se não tiver uma escola de música que permita renovar constantemente os seus quadros». A formação dos aprendizes é da responsabilidade de alguns elementos da banda com formação profissional na área da música. A direção artística está a cargo de Luís Andrade, que desde os 8 anos integra as fileiras da filarmónica da Bendada. Hoje com 51 anos, assume há 25 a função de maestro. Luís Andrade conta que os seus a antecedentes familiares estavam ligados à música e que desde cedo revelou facilidade no solfejo. «Antigamente, quem tivesse essa facilidade estava destinado a entrar na banda, e assim foi», recorda.

Formar músicos e jovens

Para o maestro, «a banda da Bendada, como muitas outras do nosso país, desenvolve um papel social, cultural e recreativo de inestimável valor». O responsável espera poder dar continuidade ao trabalho desenvolvido até aqui e sublinha que «valores como a disciplina, responsabilidade, obediência, interajuda, respeito pelos mais velhos, além dos valores culturais intrínsecos à música, estão sempre presentes numa banda de música». São qualidades que considera fundamentais para a formação dos jovens. No entanto, a banda da Bendada vai enfrentando ao longo dos anos o mesmo problema que afeta toda a região: a desertificação. Filipe Fernandes conta que já «houve elementos que integraram a banda e que tiveram que a abandonar porque não tinham condições de fixação no concelho».

Apesar deste tipo de contrariedades, a coletividade vai sobrevivendo e luta todos os dias para contribuir para o desenvolvimento cultural do concelho e da região, mas também para dignificar o nome da Bendada. Para o presidente da SFB, não há a menor dúvida que esta tem um papel importante no percurso pessoal de quem por lá passa: «Ensina-nos a estar com os outros, a trabalhar para o bem de todos, a criar laços de solidariedade» e acrescenta que «quem toca diverte-se, alegra-se e alegra os outros, é feliz e faz felizes as pessoas à sua volta». Na banda da Bendada existe uma «escola não só de música, mas também de vida», considera Filipe Fernandes. Quanto à nova “menina dos olhos” dos bendadenses, espera-se um «futuro auspicioso» para a Casa da Música, sendo o próximo objetivo criar uma Escola de Verão para músicos de vários pontos do país e também do estrangeiro.

Ana Eugénia Inácio Casa da Música representa um investimento de 400 mil euros

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