Criada em 8 de agosto de 1273, a Feira de São Bartolomeu desde cedo se afirmou como uma das mais importantes feiras francas da região e, com o passar dos séculos, uma das mais relevantes feiras anuais portuguesas.
A origem medieval dá-lhe pedigree e estatuto, mas é a qualidade intrínseca, a organização, a audácia e a ambição que a afirmam como um evento maior. Se outrora mereceu o destaque de uma das «maiores das Beiras», hoje é, com diferença, a mais relevante feira lúdica e de atividades económicas do distrito da Guarda. Estandarte de Trancoso, a Feira é o catalisador de energias e fomento, é o dínamo económico, a alavanca cultural e social da cidade.
Por estes dias, Trancoso vai atrair milhares de pessoas de todo o Nordeste beirão para visitar a cidade, para comprar e até para vender, serão os portugueses residentes nos concelhos vizinhos e serão os portugueses da diáspora, aqueles que vivem e trabalham lá longe, nos países de acolhimento e que por estes dias regressam todos os anos às terras de origem. Os emigrantes têm na Feira de S. Bartolomeu um ponto de encontro e são eles que dão vida à Feira. Por isso, é necessário que a organização compreenda, definitivamente, que a Feira de S. Bartolomeu não pode prescindir da presença de todos, e nomeadamente dos emigrantes, pelo que não pode continuar a empurrar para a terceira semana de agosto a organização do evento, em nome da tradição, impedindo que os emigrantes que partem a meio do mês possam viver a festa de Trancoso e dar vida à Feira. O maior certame da região precisa de todos, e para ter todos tem de ser organizada na segunda semana de agosto.
Luís Baptista-Martins