A “rentrée” vai aquecer no PSD por causa dos candidatos escolhidos para as legislativas pelo círculo da Guarda. A lista ratificada na noite da passada quinta-feira pela direção nacional do partido é abrangente, mas a concelhia da sede do distrito não se revê nela.
«A secção da Guarda não tem nenhum representante porque o nome que propusemos em alternativa a Jacinto Dias era o meu. Por isso, a opção de Carla Ravasco não é nossa e muito menos da comissão política distrital. É uma escolha do presidente da distrital desrespeitando aquelas duas estruturas, tanto mais que nem sequer constava da lista enviada para Lisboa», critica o líder da concelhia guardense. Jorge Libânio escusa-se a dizer se este descontentamento vai refletir-se na campanha, mas recorda que «a gratidão tem pouco significado na política». A frase tem Carlos Peixoto por destinatário: «O presidente da Distrital foi eleito pelos votos dos militantes, sobretudo da concelhia da Guarda. Esquece-se que se não fosse o apoio da maior secção do distrito, provavelmente, ele nem seria agora candidato», afirma Jorge Libânio.
O dirigente esclarece que nada tem contra Carla Ravasco – cujo nome terá sido sugerido pelo marido, Pedro Nobre, dirigente distrital e deputado municipal na Guarda, na última reunião da comissão política distrital numa altura em que se falava de independentes – mas lembra que «os independentes são sempre imprevisíveis». Além disso, não reconhece à agora candidata em terceiro lugar «uma participação cívica e política relevante na Guarda e no distrito», pelo que receia que a sua escolha não terá «nenhum impacto» junto do eleitorado. «Foi um nome de recurso que o presidente da Distrital tirou da cartola quando foi confrontado com a recusa de Cidália Valbom. Por isso, só ele terá que assacar com a responsabilidade de um resultado menos bom da coligação na Guarda», avisa o líder da concelhia, para quem a lista PSD/CDS foi elaborada «muito atabalhoadamente, em cima do joelho, faltou estratégia». Sobre estas críticas não foi possível ouvir Carlos Peixoto, ausente em férias.
Polémica à parte, a lista tem o mérito de não incluir nenhum “paraquedista” – candidato imposto pela direção nacional – e também a virtude de incluir quatro mulheres. Resta saber se estas opções serão suficientes para fazer a diferença junto do eleitorado num círculo onde PS e PSD elegem habitualmente dois deputados. A elaboração da lista da coligação “Portugal à Frente” ficou marcada pelo veto do presidente do PSD à independente Cidália Valbom. Na última quarta-feira, o nome da conservadora foi liminarmente rejeitado após ter sido confrontado com o conteúdo de uma gravação em que a cronista da Radio Altitude comentava de forma depreciativa Passos Coelho, dizendo nomeadamente que o chefe do Governo «não servia sequer para deputado, quanto mais para primeiro-ministro». Confrontado com esta e outras opiniões negativas de Cidália Valbom sobre si e sobre o partido, o líder social-democrata ameaçou Carlos Peixoto que iria impor um candidato em segundo caso não arranjasse um nome alternativo. E a solução foi Carla Ravasco, docente do IPG e uma independente que tem “navegado” na órbita dos sociais-democratas.
A lista da coligação pelo círculo da Guarda é a seguinte, por esta ordem: Carlos Peixoto (presidente da Distrital e deputado no Parlamento), Ângela Guerra (deputada), Carla Ravasco (independente), Filipe Rebelo (líder da JSD distrital), Henrique Monteiro (presidente da Distrital do CDS), Isabel Mamede (presidente da concelhia do PSD Seia), Alfredo Nobre (líder da secção do Sabugal do CDS) e a independente Maria de Fátima Fernandes, de Vila Nova de Foz Côa. Carlos Peixoto ficou satisfeito com esta lista, pois «é abrangente e equilibrada, com candidatos de Gouveia, Seia, Foz Côa, Guarda e Mêda. Mas sobretudo porque não há ninguém que não tenha ligações ou mesmo origens no distrito da Guarda e que aqui trabalhe em permanência». Os candidatos vão ser apresentados oficialmente no final de agosto.
Luis Martins
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