Provérbio e dito de ditado popular, quem nunca ouviu… “Quem tem unhas toca guitarra” mas também quem tem mãos toca pandeiretas.
Assistimos ao cenário da elaboração das listas para as legislativas de 2015, cenário muito semelhante ao das simultâneas de xadrez, em que uma pessoa consegue jogar em inúmeros tabuleiros ao mesmo tempo, sendo capaz de ganhar na maioria deles. E gosto da ideia de que para isso – para ganhar nesse universo limitado, mas infinito, nesse universo concentrado – se pensa. Pensa-se muito e pensar é uma condição de vitória. Quem improvisa ou não tem estratégia, tende a degradar o seu terreno e a perder. Aliás, a capacidade de pensar é a única diferença no potencial dos dois inimigos: os “exércitos” são iguais, o que muda é a apenas a capacidade de pensar numa vitória.
Neste cenário há ainda o “exército” conjunto, onde duas pessoas pensam na mesma estratégia para a vitória mas apenas uma mexe no tabuleiro de xadrez, é uma espécie de “exército conjunto” mas que na realidade cada jogador – concentrado nesse universo – pensa muito… Outras vezes, este é apenas o cenário de jogo, na realidade há dois exércitos diferentes, mesmo consolidados no mesmo tabuleiro, e que esgrimem docemente vitórias diferentes.
Creio que este cenário é o mais semelhante e que faz palco à anunciada decadência para a qual o líder Paulo Portas está a arrastar o CDS-PP. Não é compreensível que não haja nenhum cabeça de lista nos distritos, não é admissível que mesmo ele esteja em segundo lugar e em Lisboa… É a chamada “mobilidade política”, ele que sempre concorreu, desde 1999, por Aveiro, deixou-se ultrapassar pelo líder da bancada do seu parceiro politico… Julgo que as eleições vão mostrar ao dr. Paulo Portas que perdeu muito mais o CDS-PP do que ganhou, esse, naturalmente, ficará para o individualismo e não o pluralismo que sempre se apregoa nos Congressos com vista ao crescimento.
No final iremos assistir à representação dos eleitos na bancada do CDS-PP, sim, porque eleições não são “favas contadas”, os cenários são cada vez mais mutáveis e flutuantes, não é contar e somar. Talvez seja desta o irrevogável… Já sinto as saudades da musicalidade e vivência do carro de campanha com o som do hino, na voz da Dina, que fazia vibrar «para a voz de Portugal ser maior junta a tua voz à nossa voz…» e agora juntamos a isto o «paz, pão, povo e liberdade…», não creio que assim seja! O CDS-PP ficará com a sua bancada reduzida a metade!
Espera-se agora o programa da coligação sem estratégia de dissimulação, sem mentiras nem meias verdades e mistificações. E neste cenário convém não esquecer que numa sondagem recente a maioria dos inquiridos colocou o emprego no topo das suas preocupações. É que a realidade, estranhamente, continua a não coincidir com a narrativa da direita. As pessoas continuam a sentir de perto o desemprego generalizado – ou continuam desempregadas, ou conhecem um familiar ou um amigo desempregado, ou sabem de alguém que tenha emigrado por não encontrar emprego em Portugal. Não vale a pena mistificar os números apontando o crescimento, invocando que se recuperou o emprego para números anteriores à “troika”. Não, não é verdade, este discurso ostenta dados relativos a dois horizontes temporais, escondendo que tinham sido usados critérios diferentes e, portanto, tais dados não são comparáveis.
Parece que a realidade que todos os dias vivem afinal não é real. A realidade é mesmo real e os indicadores mostram que a pobreza aumentou para níveis do início do século.
Por: Cláudia Teixeira
* Militante do CDS-PP