O “Quarteirão das Artes” deverá ver a luz do dia até 2020 na Guarda, anunciou Álvaro Amaro na semana passada após a Direção Regional de Cultura do Centro ter assinado a transferência da gestão do museu para o município.
O contrato interadministrativo foi rubricado na presença dos secretários de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, e da Administração Local, António Leitão Amaro, oito meses depois do presidente da Câmara ter manifestado a intenção da autarquia assumir a gestão daquele equipamento. O edifício é contíguo ao futuro Museu de Arte Sacra da diocese e próximo do Paço da Cultura, pelo que o objetivo é desenvolver no conjunto o denominado “Quarteirão das Artes”, onde também deverá surgir um museu da cidade. «Vamos criar uma equipa multidisciplinar para definir o plano funcional destes equipamentos e chamar os técnicos da Câmara a redesenhar o espaço disponível nos edifícios para termos mais um elemento de atração para a cidade», disse Álvaro Amaro. Até lá, a autarquia assume a gestão do Museu da Guarda com o objetivo de «o ligar mais à cidade», recebendo do Estado o financiamento necessário ao seu funcionamento e ao pagamento dos dez funcionários.
«Vamos transferir para o município a verba que o Estado gastava com o museu, não mais, porque se assim não fosse este contrato interadministrativo não fazia sentido», sublinhou, por sua vez, Leitão Amaro, enquanto Barreto Xavier recordou que as negociações entre a Câmara e a administração central «não foram fáceis». O secretário de Estado da Cultura adiantou ainda que os trabalhadores do museu vão manter o vínculo à administração pública e lembrou que a Cultura é hoje um «elemento muito relevante no desenvolvimento» de cidades e regiões. «Os municípios têm um papel muito importante na assunção de competências de serviço público, que neste caso fica bem cumprido com a entrega do museu à Câmara da Guarda», acrescentou. Já a diretora regional de Cultura do Centro, Celeste Amaro, disse esperar que desta mudança resulte «uma parceria cada vez mais profícua» com a autarquia.
Retábulo devolvido à Sé
Na mesma cerimónia foi assinado um protocolo entre o secretário de Estado da Cultura e o Bispo da Guarda para a transladação do retábulo de Nossa Senhora da Anunciação, atualmente no Museu da Guarda, para a Capela dos Ferros na Sé Catedral, onde esteve até 1946.
O retábulo foi mandado fazer por Luís d’Abreu Castello Branco e Dona Francisca de Pina para a sua capela funerária, tendo sido retirado e depositado no Museu da Guarda naquele ano durante uma intervenção de restauro da Sé empreendida sob orientação do arquiteto Rosendo de Carvalheira. A devolução foi solicitada por D. Manuel Felício, que recordou que o retábulo foi retirado da Sé «para dar maior destaque ao estilo gótico da nossa catedral, que é o monumento mais visitado da Guarda». A trasladação desta peça vai decorrer até ao final de setembro e está integrada na empreitada de restauro e conservação da Sé, candidatada pela Direção Regional de Cultura do Centro ao Programa Mais Centro. Na ocasião, Álvaro Amaro anunciou que a Câmara da Guarda incluiu, no âmbito do plano de investimentos da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela, submetido ao programa Portugal 2020, uma verba de 400 mil euros para a compra do novo órgão de tubos da Sé.
Luis Martins