A Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS) denunciou esta semana que empresas da Guarda exportaram, no ano passado, calçado e material sintético e têxtil oriundo da China.
A situação levou mesmo aquela entidade a rever em baixa os dados das exportações do setor em 2014, retirando 18 milhões de euros, noticiou o “Jornal de Notícias” da última segunda-feira. Tudo porque a APICCAPS identificou uma série de operações «estranhas» de exportações destes bens para Espanha e Itália. Além do preço médio extraordinariamente baixo, o que chamou a atenção da associação para estas operações foi o facto de serem oriundas de concelhos com pouca, ou mesmo nenhuma, tradição no setor, como Guarda e Mafra. «Os dados que o INE fornece indicam-nos as exportações por tipo de calçado e concelho de origem. E dão-nos também a lista dos principais exportadores por concelho. Cruzadas as informações, detetamos a existência de uma série de empresas muito recentes, com não mais do que dois ou três anos de atividade – algumas delas até já encerraram a atividade – e que usavam Portugal como mero porto de “transhipment” nas suas operações de importação da China e de reexportação para Espanha e Itália. E, embora não saibamos quem são os proprietários, sabemos que os gerentes são todos estrangeiros, designadamente chineses e espanhóis», declarou João Maia, diretor-geral da APICCAPS, ao “JN”.
O responsável disse tratar-se de calçado sintético e calçado têxtil, «ou seja em plástico e em tecido, cujo preço médio habitual, sendo oriundo da China, ronda os seis ou sete euros por par. Claramente, trata-se de calçado subfaturado e admitimos que as autoridades aduaneiras tenham identificado o problema porque nada indica que se esteja a repetir este ano». A APICCAPS justificou esta revisão com a necessidade de evitar deturpações nos números reais da produção e exportação da indústria portuguesa de calçado.
