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«Ainda me sinto com capacidade, força e vontade para dar um contributo à luta dos trabalhadores»

Cara a Cara – Luís Garra

P- Quais os objetivos deste mandato?

R- Candidatámo-nos sob o lema “Emprego, Salários, Direitos – Unidade, Organização, Luta – A Força dos (as) Trabalhadores (as)” e este lema congrega o fundamental das nossas prioridades que se encontram desenvolvidas em 21 medidas. Pela natureza e objetivos do sindicato, as questões do aumento dos salários, a defesa das empresas e do emprego com direitos e a defesa das funções sociais do Estado estão na primeiríssima ordem de prioridade da nossa intervenção. Neste sentido, no próximo triénio vamos juntar forças para iniciar o processo de recuperação do muito que nos foi roubado ao longo dos anos da politica de direita, e em particular nos últimos quatro anos, em resultado das políticas das “troikas” que o governo do PS assinou e que o governo do PSD/CDS-PP vem executando (e pensa continuar a executar) em dose reforçada. Outro objetivo, mais interno, passa pela continuação do processo de renovação e rejuvenescimento do sindicato que, obrigatoriamente, envolve o aumento da taxa de sindicalização.

P- Quais as iniciativas previstas?

R- No início de mandato não definimos à partida as iniciativas a realizar. Elas serão agendadas em função da evolução da situação politica e social. No entanto, posso adiantar que no plano mais imediato damos prioridade às negociações dos contratos coletivos de trabalho dos diversos subsectores (lanifícios e têxteis-lar; vestuário, etc). No sector dos lanifícios há uma reunião decisiva no próximo 19 de Agosto e, se nessa reunião não houver acordo, é inevitável que os trabalhadores, no regresso de férias, tenham que decidir entre ficar como estão ou lutar para ganhar mais alguma coisa. E vamos intervir na batalha eleitoral. É que embora sejamos um sindicato unitário não somos neutros. Por isso vamos intervir procurando, com o voto dos trabalhadores, contribuir para a derrota da política de direita e do governo PSD/CDS-PP e ajudar a construir uma alternativa de esquerda que afirme a soberania do país, defenda os interesses dos portugueses e ponha fim aos ataques que têm sido desferidos contra os direitos individuais e coletivos dos trabalhadores e a Constituição da República Portuguesa.

P- Está há vários anos à frente do STBB, o que o motiva a assumir mais um mandato?

R- São muitas e diversas as motivações: desde logo o sentir que ainda me sinto com capacidade, força e vontade para continuar a dar um contributo à luta dos trabalhadores pela sua dignidade e pelos seus direitos. Por outro lado, porque todos os dirigentes e delegados sindicais e muitos outros trabalhadores, sabendo da minha intenção de sair da presidência do sindicato, apelaram a que eu continuasse e depois porque os ataques de que tenho sido alvo por parte da direita e de algum patronato mais trauliteiro me dão ânimo para os continuar a enfrentar.

P- Quais as principais dificuldades do setor têxtil na região?

R – Após um continuado processo de políticas governamentais e práticas patronais que levaram à destruição de empresas e de emprego, temos atualmente uma situação mais estabilizada em que as empresas aumentaram a produtividade e a faturação, contribuindo para o aumento das exportações, o que não quer dizer que não haja ainda situações problemáticas pois a persistente diminuição do consumo não possibilita o aumento do mercado interno. Por outro lado, podemos dizer que os principais problemas se situam no alto preço dos combustíveis, das comunicações (portagens incluídas), energia e das dificuldades de acesso ao crédito.

P- Atualmente o STBB tem quantos sindicalizados?

R – Os dados da sindicalização fazem parte da nossa vida interna. No entanto, podemos dizer que temos uma taxa de sindicalização superior à média nacional, que nos lanifícios ela está muito próxima dos 70 por cento e que no vestuário é mais baixa. De resto, obtivemos uma votação que representa mais de 98 por cento dos votos expressos e foram muitos.

P- Quais as principais dificuldades dos trabalhadores deste setor?

R- Os baixos salários (a maioria ganha o salário mínimo nacional), a violação dos direitos individuais e coletivos, nomeadamente os sindicais, e a falta de perspetivas de evolução profissional já que não há progressão nas carreiras.

Perfil

Profissão: Tecelão com o curso de debuxador

Idade: 58 anos

Currículo: Presidente do Sindicato Têxtil da Beira Baixa; coordenador da USCB/CGTP-IN; membro do Conselho Nacional da CGTP-IN; membro do Executivo do Comité Sindical Interregional de Castilla Y León-Beiras, Nordeste De Portugal; presidente da Assembleia-Geral do Carvalhense Futebol Clube

Livro preferido: “Ensaio sobre a Cegueira”, de José Saramago; “Até amanhã Camaradas”, de Manuel Tiago (Álvaro Cunhal); “Volfrâmio”, de Aquilino Ribeiro e quase toda a sua obra.

Filme preferido: “A lista de Schindler”, de Steven Spielberg, e “A vida é Bela”, de Roberto Benigni

Hobbbies: conviver com a família e os amigos, ouvir música, ler, participar na vida associativa, conhecer as várias e belas regiões de Portugal.

Sobre o autor

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