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Espreitando os nossos vizinhos

Mitocôndrias e Quasares

Desde que os homens começaram a viver em grupo, as pessoas têm procurado entender os céus. Os nossos antepassados procuravam nos céus mensagens dos deuses que os orientassem, sinais celestes que lhes indicassem as melhores alturas para semear e fazer as colheitas. Ainda hoje, milhares de anos mais tarde, mantemos o fascínio pelo céu, embora por diferentes razões.

Para observar os nosso vizinhos podemos utilizar uma vasta panóplia de instrumentos e técnicas. Neste texto, vamos abordar as técnicas que têm por base a utilização das diferentes gamas de radiação eletromagnética que faz parte do espetro. A radiação eletromagnética inclui toda uma família de ondas que são formadas pelas oscilações de campos magnéticos. Dito de outro modo, é o intervalo completo da radiação eletromagnética que contém desde as ondas de rádio, as micro-ondas, infravermelhos, a luz visível, os raios ultravioleta, os raios x e os raios gama.

Radioastronomia

A parte rádio do espetro eletromagnético é a maior, com comprimentos de onda muito grandes de 1 mm a 30 m. A radioastronomia teve origem em 1931/1932, quando o radioastrónomo Karl Jansky descobriu para sua surpresa que o próprio céu parecia emitir ondas de rádio – na verdade, a emissão vinha da galáxia Via Láctea. Hoje em dia, a radioastronomia é uma área de investigação imensa. Não só há muitos fenómenos que emitem ondas de rádio – radiogaláxias, pulsares, o fundo cosmológico, chamado cmb (cosmic microwave background) –, mas o espetro de rádio é acessível do solo na sua totalidade, uma vez que a nossa atmosfera é transparente às ondas de rádio.

Astronomia de infravermelhos

Logo a seguir ao espetro visível para os seres humanos vem, no domínio do espetro eletromagnético, a gama do infravermelho. Embora não possamos ver os infravermelhos, conseguimos detetá-los sob a forma de calor. Entre os objetos astronómicos que emitem esta radiação quente estão elementos muito frios, como regiões de formação de estrelas, discos protoplanetários e núcleos de algumas galáxias ativas. A astronomia de infravermelhos é importante, mas a investigação com base no solo – embora possível em alguns comprimentos de onda – é dificultada pela nossa atmosfera. Assim, para levarem a cabo o seu trabalho de investigação com mais eficácia, os astrónomos têm de recorrer aos satélites infravermelhos.

Astronomia de ultravioletas

O ultravioleta, como o nome sugere, é radiação eletromagnética com comprimentos de onda para lá do extremo violeta do espetro, visível e não visível para o olho humano. Muitos objetos – incluindo galáxias ativas, supernovas e, como é evidente, o Sol – emitem radiações perigosas. Felizmente para os astrónomos, a astronomia de ultravioleta apenas pode ser levada a cabo com a ajuda de satélites. A astronomia de ultravioletas começou com uma série de satélites no final dos anos 60, mas só em 1978 o International Ultraviolet Explorer mostrou realmente aos astrónomos que havia de facto muitas fontes de ultravioletas no cosmos.

Astronomia de raios X e raios gama

Na direção do azul do espetro eletromagnético e do ultravioleta está a zona dos raios X, com comprimentos de onda muito pequenos, até aos 0,01 nanómetros. Iniciando-se nos curtos comprimentos de onda (os raios X) e estendendo-se para as ainda mais curtas ondas (os raios gama), os raios X e os raios gama são as formas de energia mais energéticas, emitidas por processos físicos extremos e muito violentos.

Estes são alguns exemplos de como a observação astronómica não se limita aos telescópios tradicionais baseados na luz visível dos astros que chega até nós.

Por: António Costa

Espetro eletromagnético (imagem retirada de http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/cap2/cap2-2.html)

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