Após treze anos de muitos esforços de conservação e de uma avaliação a 77.340 espécies em “perigo de extinção”, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) acabou por tomar a importante decisão de reclassificar a espécie do lince ibérico e de a retirar da “lista vermelha” dos animais que se encontram num “perigo crítico” de extinção.
De acordo com o programa “Life+Iberlince”, as populações deste felino foram estudadas por dois cientistas que chegaram à conclusão que, depois de seis décadas de declínio, acabou por se registar um crescimento, «de forma regular», entre os anos de 2002 e de 2012. A União Internacional para a Conservação da Natureza deu esta «fantástica notícia» para a espécie do lince ibérico na terça-feira. No entanto, esta organização mundial, sediada em Gland (Suíça), alerta que o trabalho com o lince ibérico ainda não tem fim à vista e os mesmos esforços de conservação devem prosseguir de maneira a que possa ser assegurado o aumento futuro do crescimento da população deste felino. A recuperação do lince em Portugal e Espanha foi iniciada com o programa “Life+Iberlince”, em que estão envolvidas 19 instituições.
Criados em centros de reprodução, em cativeiro, nomeadamente no Vale do Guadiana (Portugal), desde o passado ano de 2014 que foram postos em liberdade, nas novas zonas para os felinos, 43 linces ibéricos, que estão a formar novas populações e a ajudar a contribuir para a proteção desta espécie. O “Life+Iberlince” sublinha que é muito importante promover um plano nacional que ponha um travão à principal causa da morte dos linces ibéricos – os atropelamentos. De referir ainda que, entre 2002 e 2012, a população de linces alcançou os 159 animais maduros, o que trouxe como consequência a passagem de 27 para 97 fêmeas reprodutoras. Em Portugal, a reintrodução do lince ibérico na Serra da Malcata está a cargo do ICNF, da Câmara de Penamacor e do Parque Natural da Serra da Malcata, mas para esta espécie felina não há qualquer tipo de fronteira.
Também o Sabugal está a trabalhar na sua reintrodução na região raiana. «A Câmara tem um novo centro de reprodução cinegético na colónia agrícola Martim Rei para criação de coelhos para alimentar os linces ibéricos», adianta António Robalo. O presidente do município defende também a criação de um parque de observação de linces na Serra da Malcata e acredita que estes felinos já regressaram à zona. «Eu penso que já os há, mas não se veem. Mas no lado de Espanha há mais linces», garante o edil, para quem, em Espanha, tem sido feito «um bom trabalho». Já em relação ao prazo para reintrodução do lince ibérico na Malcata, o autarca diz que «não há nenhum “timing”», mas que os felinos «vão sendo inseridos de forma gradual».