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Cancro levou Bruno Amaral

O INTERIOR contou a sua história e a luta contra um osteossarcoma em fevereiro do ano passado. «São doenças um bocado complicadas só que temos de seguir sempre em frente, é sempre a andar», dizia o jovem trancosense.

Bruno Amaral faleceu no dia 20 de maio, vencido pelo cancro, ou, pior, pelos cancros. O INTERIOR contou a sua luta em fevereiro do ano passado (ver edição de 13/02/2014), numa altura em que estava internado no Hospital Sousa Martins para tratamentos a um osteossarcoma.

O tumor maligno surgiu pela primeira vez na tíbia aos 11 anos, tendo afetado posteriormente o pulmão esquerdo, aos 14, e o braço esquerdo em 2012. A doença mudou a sua vida desde cedo, mas nunca a força e determinação com que a encara e muito menos o seu sorriso. «Não é nenhuma limitação, muito pelo contrário», sublinhava Bruno Amaral nessa reportagem, onde recordava que já tinha sido operado «22 ou 23 vezes». Com 11 anos fez quimioterapia, radioterapia e colocou uma prótese na perna. Passados três anos, o osteossarcoma surgiu no pulmão esquerdo, foi operado e o cancro deu-lhe “tréguas” durante algum tempo até voltar a aparecer há cerca de dois anos e meio.

Apesar do tumor ter influenciado a sua adolescência, o jovem nunca baixou os braços: «Faltava muitas vezes às aulas mas, mesmo assim, não deixei de estudar. No 9º ano, em Coimbra [esteve internado no Hospital Pediátrico], recebi a medalha de melhor aluno e mil euros de bolsa de mérito», recordava Bruno, com orgulho. «Estava muitas vezes no hospital mas não me deixei abater e estudava lá. São doenças um bocado complicadas só que temos de seguir sempre em frente, é sempre a andar», acrescentou o jovem trancosense. Já aos 15 anos passou por uma experiência improvável e uma das melhores da sua vida. O ator norte-americano Paul Newman, falecido em 2008, tinha um filho com o mesmo problema de Bruno, pelo que, todos os anos, «pagava a 20 ou 30 pessoas de todo o mundo para irem à Irlanda do Norte», recordou o jovem, que há uma década foi um dos escolhidos.

«Andámos a cavalo, de Ferrari, de tudo e mais alguma coisa. Foram duas ou três semanas inesquecíveis e conheci o ator, que esteve lá dois dias connosco», sublinha.

Em 2012, a doença voltou a dar sinais de si e forçou-o várias vezes a interromper o trabalho no negócio da família, as Farturas Gomes. Contudo, apesar desta reviravolta do destino, Bruno Amaral nunca desistiu, pois ele só sabia olhar em frente. «Isto é apenas uma etapa, uma coisa má», vincava a O INTERIOR, deixando uma mensagem de força a quem estava a passar pelo mesmo que ele: «Têm de lutar como sempre lutaram pela vida e nunca desistam, porque não vale a pena desistir por causa disto». O funeral de Bruno Amaral, de 26 anos, realizou-se a 21 de maio em Garcia Joanes (Trancoso), a sua aldeia natal.

Luis Martins Doença de Bruno Amaral surgiu pela primeira vez aos 11 anos

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