O diretor do serviço de Cirurgia do Hospital Sousa Martins, na Guarda, foi dispensado esta semana. Ao que tudo indica, António Ferrão, médico do quadro do Hospital de S. João, no Porto, e que veio para a Guarda há pouco mais de três anos, foi vítima de «pressões e de processos», apurou O INTERIOR. Ainda não é conhecido o seu sucessor no cargo.
O médico, cirurgião com mais de 30 anos de carreira, foi informado da decisão pelo Conselho de Administração da Unidade Local (ULS) de Saúde na passada terça-feira. Esta terá sido a forma encontrada para colocar um ponto final no clima de “guerrilha” e de tensão que se vive na Cirurgia desde que António Ferrão assumiu a direção do serviço. O médico escusou-se a comentar o caso, prometendo apenas que quando decidir falar o fará numa conferência de imprensa «com televisões e jornais nacionais». António Ferrão disse ainda que não admitirá que «o seu bom nome seja vilipendiado», mas não adiantou por quem e por que motivos. O que se pode dizer é que a vida do até agora diretor de serviço e da maioria dos cirurgiões do quadro do Sousa Martins tem sido um verdadeiro calvário.
O motivo é o antigo diretor da Cirurgia, Paulo Correia, que tem apresentado sucessivas queixas-crime que chegam a paralisar por completo o funcionamento do serviço cada vez que os clínicos têm que ir a tribunal. Recentemente, António Ferrão e nove cirurgiões foram ouvidos no Tribunal da Guarda no debate instrutório de uma queixa, que acabou arquivada. Na altura, o ainda diretor do serviço de Cirurgia referiu a O INTERIOR que tudo ficava a dever-se ao facto de Paulo Correia não reconhecer o organigrama do serviço e muito menos a escolha de António Ferrão para o lugar. «Já fui alvo de dez processos desde que vim para a Guarda, mas antes nunca tive nenhuma queixa em mais de 30 anos de serviço», disse na altura o cirurgião. O médico chegou a pedir uma inspeção ao serviço para tentar solucionar o diferendo, mas nada aconteceu.
Luis Martins
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