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«A ESN contribui para que a experiência de cada aluno Erasmus seja única»

Cara a Cara – Teresa Mafalda Reis

P- O que é a Erasmus Student Network (ESN)?

R- A Erasmus Student Network é a maior associação de estudantes na Europa. Nasceu a 16 de outubro de 1989 e está presente em mais de 430 instituições de ensino superior de 37 países. A ESN é uma associação sem fins lucrativos que opera a nível internacional, nacional e local com base no voluntariado. No que diz respeito à ESN Covilhã, somos uma secção local integrada na rede nacional (ESN Portugal), juntamente com outras dez delegações espalhadas pelo país. A nossa principal missão é representar os alunos internacionais, providenciando-lhes oportunidades de compreensão cultural e autodesenvolvimento sob o princípio de estudantes a ajudar estudantes. Trabalhamos em conjunto com a Universidade da Beira Interior para melhorar a integração dos alunos internacionais a nível académico e social, atuando como seus representantes. Providenciamos informações relevantes sobre os programas de mobilidade, tentando simultaneamente, motivar os alunos a estudarem “lá fora”.

P – Decorre durante esta semana a “Social Week”, no que consiste?

R- A Social Erasmus Week faz parte de um dos projetos internacionais da ESN, nomeadamente o Social Erasmus (SE). O objetivo é envolver os estudantes internacionais em atividades de carácter social e voluntário que permitam ajudar a comunidade em que estão inseridos. O projeto implica atividades assentem em três pilares: solidariedade, ambiente e educação. Este ano optámos por ajudar diferentes associações da nossa cidade, nomeadamente a L.A.P.A. – Liga dos Amigos do Bairro dos Penedos Altos, colaborando com a requalificação da fachada da sua sede, na organização do armazém social que será inaugurado no dia 25 deste mês e contribuindo ainda com uma recolha de produtos de higiene para o projeto “LAPA Cuida Mais”. Vamos também apoiar os bombeiros, através de uma aula de zumba, contando com o apoio da autarquia e da Associação Académica da Beira Interior (AAUBI). Temos ainda atividades junto da APPACDM (Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental) e uma festa para recolher fundos com destino a ajudar a Instinto – Associação Protetora de Animais da Covilhã. Com esta semana queremos que os alunos intervenham ativamente na comunidade, sendo que algumas das atividades serão abertas a todos os cidadãos de forma a promover uma maior atitude social que facilite a integração destes alunos na comunidade.

P- Que outras atividades estão previstas, ou costumam desenvolver ao longo do ano?

R- Amanhã vamos realizar o Festival Erasmus, nos Jardins da Reitoria da UBI, trata-se de um momento de convívio com convidados musicais, como a Desertuna e a Banda Five to One, e uma atividade de sensibilização organizada em conjunto com a Coolabora, com o apoio e colaboração da UBI e AAUBI. As atividades sociais são realizadas ao longo de todo ano, por exemplo, temos uma parceria com a Misericórdia da Covilhã num projeto-piloto que decorre num dos seus infantários, no âmbito do Projeto Internacional Erasmus in Schools, cujo intuito é a partilha de experiências culturais entre os alunos internacionais e os alunos de diferentes graus de escolaridade. É um projeto pioneiro, uma vez que está a ser implementado a nível do pré-escolar e tem por objetivo promover e fomentar a cidadania, a responsabilidade e a tolerância através da dinamização de um atelier destinado à exploração de um país, com uma periodicidade quinzenal. O projeto já foi alargado a outras escolas da Covilhã e Fundão este ano. Participámos, em eventos anteriores, na recolha de alimentos para a Cruz Vermelha, Santa Casa da Misericórdia da Covilhã e Banco Alimentar. Organizamos também atividades de carácter lúdico, como viagens na região e para outros distritos. Este ano já visitámos Almeida, Belmonte, Sortelha, Porto, Coimbra, sendo que para breve iremos organizar uma viagem a Monsanto e Penha Garcia. Também é nosso intuito organizar eventos de carácter desportivo e para setembro já temos planeada uma semana com diversas atividades. Algumas delas são incluídas na semana de receção, realizada no início de cada semestre com o apoio da Vice-Reitoria para o Ensino, Internacionalização e Saídas Profissionais e do Gabinete Internacionalização e Saídas Profissionais.

P- Como fazem a diferença na vida dos estudantes Erasmus que chegam à UBI?

R- Tudo começa antes de eles saírem do seu país. Através do programa de mentores (buddies), cada membro da ESN Covilhã fica responsável por um número de alunos. A partir deste momento inicia-se o primeiro contacto, via email, no qual apresentamos a associação, damos informações úteis sobre o alojamento, documentação necessária e outras informações relevantes. Após este contacto os alunos começam a questionar-nos sobre tudo, desde as disciplinas que irão frequentar, cursos de português, transportes, clima, entre muitas outras dúvidas. Quando chegam, a ESN Covilhã prepara uma semana de receção em que se pretende que os alunos recebam as informações mais importantes para a sua nova vida académica, mas também que iniciem a sua integração na comunidade através de atividades lúdicas, como um “peddypaper” pelas ruas da cidade, a participação na Latada e viagens, entre muitas outras iniciativas. Os alunos sentem-se à vontade para questionar os mentores sobre quaisquer receios que tenham e nós contribuímos para o seu bem-estar e tranquilizamos os pais, demonstrando que os filhos estão bem entregues. Acho que no final do semestre, através da convivência diária, nos corredores das residências, das faculdades e com a realização de inúmeras atividades, contribuímos para que a experiência de cada aluno seja única.

P- Lidam com quantos estudantes por ano e oriundos de que países?

R- Anualmente lidamos com cerca de 300 alunos oriundos de Espanha, França, Itália, Turquia, Síria, Brasil, Roménia, Eslovénia, Eslováquia, Bulgária, Polónia, Bangladesh, Bélgica, Lituânia, Moldávia, Bósnia Herzegovina, República Checa, Afeganistão, República Dominicana e México.

P- Os alunos Erasmus são facilmente integrados na comunidade, quais são as maiores dificuldades?

R- Uma das maiores dificuldades é a língua. Embora tenhamos alunos brasileiros, espanhóis, no início o português é um obstáculo, mas também o inglês se torna inacessível para alguns. Acresce depois o choque cultural inerente à mudança de país, desde a gastronomia, uma vez que cada aluno tem as suas tradições e costumes. O maior exemplo neste campo são os alunos da Turquia, pois não comem carne de porco e, por vezes, é difícil encontrar uma ementa que vá de encontro às suas crenças, bem como alunos vegetarianos. Há também o choque com as constantes subidas e descidas da Covilhã, às quais eles se habituam assim que aprendem os caminhos alternativos. A nível académico, no início penso que tudo é um pouco complicado, os horários das aulas, o encontrar as salas, a inserção numa turma. Porém, com o apoio da nossa associação e da própria universidade, todas as dificuldades vão sendo colmatadas.

Perfil:

Teresa Mafalda Reis

Idade: 25 anos

Profissão: Psicóloga

Naturalidade: Covilhã

Currículo: Presidente da ESN Covilhã

Filme favorito: “O Paciente Inglês” e a “Lista de Schindler”

Livro favorito: “As Brumas de Avalon”

Hobbies: Jogar futebol, viajar, ler, ir ao cinema e estar com os amigos

Teresa Mafalda Reis

Sobre o autor

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