José Sócrates terá precisado de injeções administradas por um médico para aguentar os últimos comícios da sua campanha de 2011, conta um livro lançado esta quinta-feira que descreve a vida do ex-primeiro-ministro.
O livro engloba seis meses de governação, o regresso à cena política portuguesa, e mesmo os dias que antecederam a sua detenção em novembro do ano passado. «Este livro mostra o outro lado de José Sócrates, o Sócrates humano», diz ao “Público” o autor, Fernando Esteves.
“Cercado. Os dias fatais de José Sócrates” é da autoria do editor de política da revista “Sábado” e conta a história do ex-primeiro-ministro, incluindo detalhes dos casos em que esteve envolvido. Revela pela primeira vez detalhes das transferências de dinheiro entre José Sócrates e o seu amigo e alegado testa-de-ferro Carlos Santos Silva, incluindo que o ex-primeiro-ministro chegou a pedir 20 mil euros ao amigo com apenas um dia de intervalo, de acordo com o “Expresso”.
Fernando Esteves explicou ao “Público” que vê o ex-primeiro-ministro como «uma pessoa extremamente intensa e obcecada com o lugar que ocupará na história». O autor acredita que «foi isso que o fez regressar a Portugal». Excertos do livro revelados pelo jornal i mostram as «fúrias viscerais» do candidato durante a campanha de 2011, quando não acreditava que iria sair vencedor da corrida.
O livro de Fernando Esteves vai ser lançado esta quinta-feira e será apresentado pelo diretor do “Expresso”, Ricardo Costa. Fernando Esteves dedica alguma da sua atenção à preocupação do ex-primeiro-ministro com a imagem, referindo que Sócrates não só recorria, por vezes, aos serviços de maquilhadores profissionais, como tinha o seu próprio estojo de maquilhagem que aplicava antes de chegar a eventos onde se esperava que houvesse câmaras de televisão.
Além dos ex-colaboradores de Sócrates que falaram com Fernando Esteves, o jornalista da “Sábado” teve também acesso ao diário pessoal de Judite de Sousa, que esta facultou. A jornalista fala de uma «tentativa de condicionamento» de José Sócrates que antecedeu a entrevista onde Sócrates se referiu ao jornal apresentado por Manuela Moura Guedes na TVI como «um jornal travestido».
Tudo, até ao «último telefonema de Sócrates, ainda dentro do avião, em que se despede de um amigo dizendo que tem de desligar porque tinha pessoas à espera dele», diz o jornal i.