1. Este fim-de-semana todos os caminhos vão dar ao Parque Urbano da Guarda. A realização da IIª edição da FIT congrega agentes e operadores turísticos, autarcas, políticos e visitantes. Muitos! Espera a organização e os expositores que, com denodo, acreditam que é em certames com estas caraterísticas que faz sentido promoverem produtos, serviços e marcas. E destinos turísticos – se bem que, neste particular, é menos provável acreditarem, pois os putativos clientes dos bons destinos turísticos da região não serão tanto os visitantes da FIT mas forasteiros de outras latitudes. Ainda assim, o evento reclama um lugar entre os mais dinâmicos e relevantes certames do Centro e, como nos disse em entrevista Ana Abrunhosa, presidente da CCDRC, é a única feira do género na região e «está condenada ao sucesso» pelas suas características e pela sua localização (até que enfim a Guarda parece que irá tirar alguma vantagem da famosa «localização geoestratégica»…). A FIT foi inevitavelmente uma boa ideia!
A relevância do certame poderia medir-se pela presença do Primeiro-Ministro, que preside à abertura, mas, na verdade, em ano de eleições, Passos Coelho já anda na estrada e ter palco em terra amiga é a melhor forma de aquecer motores para uma campanha que promete ser longa e difícil. Mas mede-se também pela capacidade de atrair os mais diversos parceiros e servir de palco a uma comunidade intermunicipal que demora a arrancar, a CIMBSE, que ali vai ter um mega stand para mostrar espaços turísticos dos 15 concelhos (investe na capital da comunidade aquilo que não investe fora da região, se calhar devia ser ao contrário).
Mas necessita de muito mais do que aquilo que vimos há um ano. Necessita de operadores e visitantes espanhóis, porque em 2014 teve apenas o espaço do Fuerte de La Concepción e a presença, na abertura, de uma concejal (vereadora) de Ciudad Rodrigo e raros visitantes originários do lado de lá da fronteira – muito pouco para uma Feira que se reclama de Ibérica – esta é a tarefa mais morosa e nela residirá o verdadeiro sucesso da FIT.
2. Foi sem surpresa que, em reunião do executivo da Câmara da Guarda, José Igreja pediu a suspensão do mandato de vereador. Ano e meio de oposição chegaram para o advogado concluir que tem coisas mais importantes para fazer do que tentar fiscalizar um executivo que marcha em velocidade acelerada e leva na frente todas as pedras que lhe possam pôr no caminho. Igreja definiu o seu regresso à política pelo lado do poder, mas perdeu. Exausto e farto das críticas internas a uma oposição serena e responsável, vai embora. Mas antes cumpriu com a palavra e apresentou o estudo prometido há um ano (!) sobre as contas do município: os 91 milhões de que tanto fala o presidente da Câmara são uma forma falaciosa de falar da dívida da Câmara que, de facto, era de 52 milhões, pois os «compromissos e as provisões não são dívida».
Com a suspensão do mandato do líder da candidatura do PS, a ressaca socialista é ainda mais assombrosa: todos os rostos socialistas desapareceram depois de 40 anos de poder, o PS está esfrangalhado e perdido. Mas, na despedida, José Igreja tem razão pelo menos num ponto: fazer oposição não é, não tem de ser, não deve ser, gritar, vociferar e protestar por tudo e por nada. Fazer oposição tem de ser convergir para o interesse das pessoas, defender com bom senso as melhores opções, lutar por ideias e merecer a confiança dos respetivos eleitores – que agora ficam órfãos do eleito, do candidato e de sucessor pois, tudo indica, também Graça Cabral e Daniel Osório… não estarão disponíveis para assumir o lugar (só se candidataram, afinal, porque queriam um lugar fácil no poder, mas defender um projeto, que não havia, ou uma ideia para a cidade não será com eles; outro que se siga…). Novas vozes e novos protagonistas precisam-se.
Luis Baptista-Martins