E assim andamos nós, com as mãos à frente da cara, alguns amedrontados pela arrogância de quem a todo custo parece já não olhar a meios. Continua o despesismo público auxiliado pela política de poder e decisão. Os de cá, não interessam para nada!
A ULS – Unidade Local de Saúde, criada a 1 de outubro de 2008, tem sido permanentemente palco dos mais brilhantes atores e quase todos têm terminado sem brilho. A dança começa com um trocadilho de “hospital novo ou novo hospital”, depois desta música passámos para o verso “são as pessoas que fazem as instituições”, por aqui passaram ainda as obras aprovadas e sem cabimentação financeira para realização, a austeridade latente nos recursos humanos insuficientes, um mau estar de equipa não substituída na totalidade capaz de orientar as necessárias e prioritárias medidas da saúde do distrito. Um preço que ainda estamos a pagar!
Mas somos Fortes, aguentamo-nos, mas creio que já estamos cansados de incompetência, incompetentes e gentes oportunistas.
Em cada cereja doce anunciada, como é o facto de virmos a receber a sede da empresa Águas de Lisboa e Vale do Tejo, aparece logo outra, meio escondida, sem caroço, a ULS Guarda, EPE. Se na primeira somos tratados “sem preconceitos” nesta última parece imperar o preconceito, quem é de cá não é bom, não tem valor. Vejamos, os dirigentes da administração pública ocupam um lugar único na estrutura na medida em que se situam entre um órgão que por força da Constituição é, simultaneamente, administrativo e político – o Governo – e uma estrutura técnica, dirigida única e exclusivamente à prossecução do interesse público tal como legislado. Por esta razão, a seleção dos dirigentes de topo da Administração Pública terá sempre que ser tida entre os vetores da confiança política e do mérito profissional. E parece que aqui precisamos de gente que venha de fora, por ausência de um ou dos dois vetores. Não se compreende, mas lá vamos aceitando calados ou a fazer barulho silencioso porque há gente que se incomoda sempre muito.
A ULS da Guarda é uma entidade pública empresarial onde a regra é a nomeação sujeita a um parecer não vinculativo da Cresap, esta combina confiança política e mérito profissional. Mas para isso o parecer tem que ser público, porém, para aligeirar a batalha campal política veio o ministro dar posse e tudo fica bem na fotografia, até porque é sempre sessão de sala cheia. É verdade! Claro é que o recém-empossado, como não é de cá, necessita de criar elos de confiança politica e profissional, então tem já novo assessor, embora o contrato ainda não esteja autorizado pela ARS Centro, já está em funções, desde março, pois já auferiu um principesco vencimento, e principesco porque trabalha, ao que parece, em regime de “homework”, isto é, não precisa de estar na Guarda, não tem horário, não é conhecido no seu local de trabalho nem deverá ainda conhecer a nossa cidade. Um luxo! A Guarda um fabuloso destino!
É censurável este recrutamento e de todo injustificável. É um especialista de engenharia, por cá não deve haver ninguém qualificado para assessorar o novo empossado. Afinal, agora precisamos de um engenheiro, muito bem, se é necessário assim se deve proceder, mas o passo essencial de compromisso e escrutínio não deveria passar, por exemplo, por aferir na Ordem distrital dos engenheiros a existência ou não de especialistas na Guarda, pessoas de cá, enfim… Incoerência de valores.
Tudo isto em nome da independência, do rigor e da transparência – pode ler-se na página eletrónica da ULS Guarda, EPE na descrição dos princípios e valores… Muito bem!
Por: Cláudia Teixeira
* Militante do CDS-PP