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Pois, Pois

O “Anti-Movimento P’la Criança”. Uma certa “inteligência” local anda por aí a vergastar este movimento. Porquê? Porque, segundo eles, as pessoas que o integram têm (imaginem) ambições pessoais. Pior, algumas, vejam lá a heresia, até terão ambições ou expectativas políticas. Ora, segundo os inquisidores cá do burgo, gente com estes vícios e estas manchas negras no carácter jamais algum dia se poderá preocupar verdadeiramente com as crianças. Daqui resulta que só gente sem mácula e a caminho da santidade é que poderá lutar por mais pediatras para a Guarda e outras quimeras do género, e, mesmo assim, só deverá manifestar-se quando, onde e como alguns iluminados considerarem mais conveniente. O resto (infelizmente, a maioria) que fique quietinho, porque, caso contrário, os Torquemadas locais não vão tolerar tal impertinência. Eu tremo.

Por tudo isto, temo pela senhora Alexandra Isidro, que andou a recolher assinaturas e a prestar declarações públicas por causa das recentes trapalhadas da maternidade. Espero que seja, realmente, uma espécie de Joana d’ Arc dos pequeninos, sem desejos nem ambições pessoais. Numa palavra, que seja uma santa. Se não, está feita ao bife. Ah, é verdade, não é para assustar a senhora Isidro, mas até a Joana d’ Arc foi queimada viva pela inquisição…

Má classificação. Num trabalho do Expresso do passado fim-de-semana, a cidade da Guarda surge em 23.º lugar, em termos de “qualidade de vida”, no total dos 48 centros urbanos portugueses mais significativos. E, atenção, a famigerada “interioridade” não é desculpa: Évora surge em 1.º lugar e Bragança 4.º. E, já agora, a título de curiosidade, temos: Vila Real em 12.º, Viseu em 13.º, Covilhã em 17.º e Castelo Branco em 19.º.

Segundo os autores do estudo, não estamos mal em termos de acessibilidades, comércio, equipamentos sociais, espaços verdes e sinalética. As maiores desgraças são: o trânsito, o estacionamento, a densidade urbana, o centro histórico degradado e a descaracterização urbanística. Nada que já não soubéssemos há muito tempo. E nada que o principal responsável, o poder local, mostre determinação em melhorar.

Governar é, antes de mais, definir prioridades e estas, no caso da Guarda, são constantemente adiadas. Quem se lixa somos nós, os que cá vivemos.

O discurso da crise. O PS atribui a recessão ao “discurso da tanga” de Durão Barroso. Curiosamente, agora que o Governo vislumbra sinais positivos de retoma, o PS tem um discurso pessimista, ridicularizando o optimismo governamental. Assim sendo, segundo a sua lógica, o PS está, neste momento, a contribuir para o agravamento da situação económica. Ou não será assim?

Em 1992, Braga de Macedo, o então ministro das Finanças de Cavaco Silva, afirmou, para espanto da humanidade, que Portugal era um oásis. Era o famoso optimismo do “homo cavaquensis” levado ao extremo. Em 1993, o PIB decresceu 1,3 por cento, exactamente o mesmo valor que em 2003. Por outras palavras, não é o discurso do oásis ou o da tanga que vão alterar, no essencial, a realidade. As coisas são o que são.

Seis anos de poder e mais dois de oposição não mudaram o PS um milímetro: continua convencido que os problemas se resolvem com retórica e carradas de paleio e diálogo. Como escrevia António Barreto este Domingo no Público, é preferível a notória deficiência do Governo PSD-PP ao desastre do PS.

Por: José Carlos Alexandre

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