Carlos Rodrigues garante que nomeação para a presidência da administração da ULS da Guarda «não é um tacho» e que nada teve a ver com «a mãozinha» que terá contribuído para que viesse para a cidade mais alta
Carlos Rodrigues diz ter ficado surpreendido com «a cultura fechada» que encontrou na Guarda por causa das reações de desagrado à sua nomeação para a presidência do Conselho de Administração (CA) da ULS. «Custou-me ouvir dizer que era uma pessoa que vinha de fora. Mas vir de fora é uma mais-valia em qualquer lado porque quem vem de fora é um valor acrescentado ao que existe», considerou o responsável num encontro com os jornalistas no dia seguinte à tomada de posse.
Gestor e professor universitário de Gestão, especializado em Gestão Pública, Gestão Empresarial e Organização de Recursos Humanos, Carlos Rodrigues tem 63 anos e está em funções desde 2 de fevereiro. Diz ter vindo para a ULS da Guarda porque quis e gosta, sublinhando que «não é nenhum tacho»: «Não vim ganhar mais. Aliás, já tive cargos com mais responsabilidade e melhor vencimento. Estar na ULS da Guarda é um desafio», acrescenta o presidente do CA. O responsável confirma conhecer Álvaro Amaro há «mais de 20 anos» e até admite que, «provavelmente, houve uma mãozinha» para vir para a Guarda, mas adianta que «nada tem a ver com isso». De resto, Carlos Rodrigues faz questão de afirmar que não tem «nada a ver com partidos, nem estou enfeudado a isso. A minha filosofia de gestão é esta: a administração em saúde tem que integrar quatro “C’s”, de curar, cuidar, controlar e comunicar, é isso que estamos a fazer». Quanto à pressão política inerente a um cargo como este é taxativo: «Não sinto nenhuma».
Política à parte, o presidente da ULS diz que «não chega» abrir concursos para atrair médicos para o Hospital da Guarda, pelo que o CA tem-se desdobrado em contactos telefónicos com os jovens clínicos em formação final noutras unidades do país. O objetivo é aliciá-los a vir para a Guarda prometendo «formação e desenvolvimento profissionais», mas também qualidade de vida. «Nesta altura o que nos interessa é que venha qualquer um», refere, declarando, no entanto, que nesta missão seria importante conquistar a denominação de hospital universitário. Até lá, a Guarda vai integrar o Grupo Hospitalar da Beira Interior, uma medida que vai gerar «economias de escala e regras claras de interação em rede, como a partilha de recursos e de médicos» entre os três hospitais da região. «A organização deste Grupo Hospitalar sairá brevemente em portaria, já a especialização de cada unidade em determinada área média não está ainda definida», lembra Carlos Rodrigues.
Em termos de obras, a nova administração da ULS promete ter no Verão uma cozinha requalificada no espaço onde funcionava anteriormente – a atual funciona em contentores há dois anos. No mesmo edifício haverá ainda um refeitório, sendo que o prazo de entrega de propostas terminou na passada sexta-feira. Na Urgência nova está em curso a correção de «deficiências de funcionalidade», nomeadamente a criação de dois “open space” para urgências médicas e cirúrgicas. No Pavilhão 5, onde funcionaram as antigas Urgências, algum internamento e as consultas externas, o concurso para a cobertura já encerrou com um preço base da ordem dos 40 mil euros. «É desta que vamos resolver um problema estrutural tão complexo e com tantos anos», acrescenta Flora Gomes, vogal executivo do CA. Para este já foram transferidos os serviços de Ginecologia e de Anestesia, enquanto a Obstetrícia e a maternidade ainda não podem ser mudadas devido à existência de um bloco cirúrgico no serviço. Já na área dos recursos humanos, Carlos Rodrigues revela que veio encontrar «muitos profissionais desmotivados» e falta de gestão a nível intermédio. «Na ULS da Guarda é preciso otimizar a gestão e melhorar os recursos através de mais diálogo e motivação, sendo certo que há regras de gestão para motivar e não dinheiro para distribuir», assume o presidente do CA da ULS.
Luis Martins
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