A criação do Grupo Hospitalar da Beira Interior, um acordo com o Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra (CHUC) e os incentivos recentemente aprovados pelo Governo poderão contribuir para colmatar a falta de médicos nalgumas especialidades na Guarda. Assim espera o ministro da Saúde, que no passado dia 8 empossou o novo Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde (ULS).
Como não podia deixar de ser, o tema foi um dos pontos do discurso de Carlos Rodrigues. O presidente do CA sublinhou que há «alguma carência na manutenção de algumas especialidades hospitalares, designadamente Ortopedia, Cardiologia e Anestesia, as quais temos vindo a solucionar pontualmente, mas efetivamente precisamos de um reforço de médicos» nestas áreas. O ministro vinha preparado e começou por revelar que nos últimos 16 meses foram recrutados 250 profissionais para a Guarda, nomeadamente 58 enfermeiros e cerca de 40 médicos, oito dos quais especialistas. «Este ano já recrutámos mais 35 médicos e autorizámos recentemente a contratação de mais 16 enfermeiros», acrescentou o governante. Por isso, a falta de clínicos nalgumas especialidades «não resulta de qualquer inibição em termos de disponibilidades financeiras», afirmou.
Paulo Macedo garantiu mesmo que «contratamos todos os médicos das especialidades em que há carência, designadamente aqui na Guarda na Anestesia e Radiologia. Mas algumas carências têm que ser supridas de forma colaborativa através, neste caso, de um acordo feito com o CHUC», acrescentou. Além disso, há também o diploma que autoriza o pagamento de ajudas de custo aos médicos que se desloquem mais de 60 quilómetros, o que vai permitir que «alguns dos 1.500 médicos do CHUC possam vir prestar serviço à Guarda», disse o governante, que ainda sugeriu a aposta na Teleradiologia e lembrou a aprovação dos incentivos à fixação de médicos no interior, um diploma que será publicado até maio e aplicado ainda este ano. Mas a grande aposta da tutela está na constituição do Grupo Hospitalar da Beira Interior, que «deverá ser uma realidade a breve prazo», admitiu. A ideia é juntar os hospitais da Guarda, Covilhã e Castelo Branco, mas mantendo a autonomia das duas ULS existentes e da terceira a criar na Cova da Beira.
Com esta medida, «queremos que possa haver uma rede colaborativa mais formal, em vez de haver apenas um protocolo, entre os três hospitais desta região aproveitando a universidade», declarou o titular da pasta da saúde.
Na sua opinião, esta estrutura integrada faz «todo o sentido» quer para as compras em grupo, mas também para que os médicos estejam «onde as pessoas precisam deles». O Grupo Hospitalar vai ter um conselho de administração formado por representantes dos três hospitais. «Queremos unidades com contas equilibradas para fazer face às necessidades do futuro», finalizou Paulo Macedo, segundo o qual «um Estado falido nunca pode ser um Estado Social».
Luis Martins