O realizador mais velho do mundo faleceu hoje aos 106 anos, vítima de doença prolongada. Apesar de ser já centenário, Manoel de Oliveira trabalhou até ao fim da sua vida, realizou um total de 33 longas-metragens e algumas curtas.
Aclamado pela crítica internacional e nacional, deixou filmes como “Aniki-Bobó ” (1948), “Benilde ou a Virgem Mãe” (1974), “Non, ou Vã Glória de Mandar” (1990), “Vale Abraão” (1993), “O Estranho Caso de Angélica” (2010) ou o Gebo e a Sombra (2012), entre muitos outros filmes de grande mestria. O último filme do cineasta foi a curta-metragem “O velho do Restelo”, “uma reflexão sobre a Humanidade”, estreada em dezembro passado, por ocasião do 106º aniversário.
A obra de Manoel de Oliveira é marcada por duas tendências opostas presentes em toda a sua filmografia. Em todos os filmes que realizou antes de 1964, curtas e longas-metragens, predomina um estilo cinematográfico puro, sem diálogos ou monólogos palavrosos. “O Acto da Primavera” (1963) é o primeiro filme de Oliveira em que o teatro filmado se torna uma opção e um estilo. “O Passado e o Presente” (1972) será o segundo. Contradizendo-se na prática, é a propósito deste filme que Oliveira explica em teoria: “enquanto arte cénica, o teatro é bem mais nobre e muitíssimo mais antigo do que o cinema e é por isso que este se deve submeter à palavra”.
No ano passado, recebeu das mãos do presidente francês, François Hollande, o título de Grande Oficial da Legião de Honra, comenda atribuída pelo Governo de França às personalidades influentes no cenário global ligadas ao país.