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Um jornal deve ser um motor de desenvolvimento

Opinião 15º Aniversário

Nos tempos de hoje não é possível viver sem informação jornalística. Uma informação livre, séria, que nos ajuda a esclarecer os factos e os acontecimentos do nosso mundo. O que fica longe e o que nos é próximo. Há por isso uma relação causal entre o campo informativo e a nossa consciência cívica.

A imprensa, nas suas múltiplas plataformas, contribui para a construção permanente de uma sociedade civil mais crítica e mais autónoma. Mais capaz de se pensar e de se projetar para o futuro. A imprensa livre tem uma função social insubstituível porque ajudou as sociedades, ao longo dos tempos, a garantir os principais pilares da democracia, como sistema de equilíbrios e de governança pública em nome do bem comum.

É essa a função social que lhe cabe. Quanto melhor a cumprir, melhor sociedade temos. Melhor vivemos. E como as notícias não vivem à margem dos meios de comunicação – sendo eles os seus construtores – mais responsabilidade têm para que essa prestação de “serviço público” se cumpra. Isto é tão válido para um grande jornal nacional como para um jornal regional. É esse papel que aqui quero enaltecer, em meu nome pessoal e do Município da Guarda a que orgulhosamente presido. Felicito o jornal O INTERIOR pela bonita idade de 15 anos. Um jovem jornal, portanto, que tem contribuído para o aumento de consciência cívica ativa sobre os nossos desafios comuns, ajudando-nos a pensar os problemas, as fragilidades e abrir caminhos de reflexão e ação.

Esse é o nosso destino. Mas é igualmente dos profissionais da Comunicação Social.

Como disse, o papel de um jornal editado numa cidade do interior é, na essência, igual ao que se publica a partir da capital do país. Deve sê-lo. Num tempo em que as novas tecnologias tornam híbridos os conceitos: o que é local é cada vez mais global. O bom jornalismo exige de todos a mesma responsabilidade, os mesmos princípios, ainda que em escalas e modelos de negócio muito diferentes. Enquanto leitor, tenho de saber que estou a ler informação em que posso acreditar porque quem a produziu é jornalista, é profissional, cumpre um código de ética que me garante qualidade e, sobretudo, “verdade”.

O campo jornalístico está, por isso, afetado pela norma da veracidade. Não há notícias sobre as quais não se imponha essa obrigação, correspondendo o mais fielmente possível à realidade. É essa cartografia informativa séria que nós esperamos, como cidadãos, como sociedade em geral.

Sou, por isso, enquanto cidadão e responsável político, um defensor da liberdade de imprensa e, mais, da “liberdade de consciência” dos jornalistas para revelar os abusos contra o “interesse público”, ao serviço dos cidadãos e da sua capacidade de construir razão sobre a coisa pública. Mas não deve ser uma consciência persecutória. Antes uma consciência deontologicamente orientada e firme, em nome de um bom escrutínio público. Trata-se de uma tarefa árdua para os profissionais do jornalismo. Lidam com uma exigência ética de produzir informação ao serviço dos cidadãos, respeitando o rigor e a objetividade. Merecem a nossa homenagem. Sobre todos eles recai uma missão de, em simultâneo, garantir um jornal “agressivo” e voraz mas também o compromisso de evitar o engano e o erro. Se os jornalistas, deste como de todos os jornais do mundo, ganham a vida dizendo como é a realidade, então obrigam-se a ser sinceros, verdadeiros, quando fazem notícias, descrições ou argumentações que os outros consomem.

Estou certo de que, ao fim de 15 anos, este jornal se orgulha de ter assumido como primeira preocupação esse cumprimento de serviço público: desenvolver um trabalho metódico e objetivo para se afastar o engano ou o erro.

Desejo, em nome da Guarda, que O INTERIOR prossiga essa grande e importante função social de contribuir para o desenvolvimento da cultura e identidade regional, através do conhecimento e compreensão do ambiente social, político e económico do nosso território. Sobretudo afirmando-o, pela positiva, como um território de elevado potencial.

Álvaro Amaro*

* Presidente da Câmara Municipal da Guarda

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